Ganhar a Alemanha tem sido o Evereste para as equipas portuguesas, quer a nível de clubes, quer a nível de seleções. E ganhar em solo germânico tem sido ainda mais raro, principalmente para a seleção das Quinas.
Apenas por três vezes a seleção portuguesa logrou derrotar os alemães em 19 encontros, sendo que cinco deles terminaram empatados. O resto – 11 jogos – são vitórias dos germânicos, algumas delas muito pesadas.
Mas centremo-nos no resultado que interessa esta noite no Allianz Arena, onde Portugal vai tentar um lugar na final da Liga das Nações. A nível oficial, Portugal bateu a Alemanha em duas ocasiões, uma no apuramento para o Mundial de 1986 com um golaço de Carlos Manuel em Estugarda, e outra na fase de grupos do Euro2000.
A inesquecível noite de Sérgio Conceição
A seleção das Quinas vem de cinco derrotas perante os germânicos, em fases finais de Mundiais e Europeus. Mas antes da Alemanha confirmar ser a besta negra de Portugal, sofreu no Euro2000, quando os suplentes de Humberto Coelho aplicou-lhes uma derrota histórica, com um inesquecível ‘hat-trick’ de Sérgio Conceição.
Em 20 de junho de 2000, na ‘banheira’ de Roterdão (De Kuip), casa do Feyenoord, Portugal já tinha assegurado um lugar nos quartos de final do Europeu realizado pela Holanda, depois dos triunfos perante a Roménia (1-0, golo de Costinha aos 90+4) e Inglaterra (3-2, depois de estar a perder por 2-0, graças aos golos de Figo, João Pinto e Nuno Gomes).
Os germânicos, que tinham empatado com a Roménia e perdido com a Inglaterra, precisavam de vencer as reservas do já apurado Portugal para passar aos quartos de final. Mas Sérgio Conceição e companhia tinha outros planos.
Humberto Coelho lançou Pedro Espinha na baliza, Beto e Rui Jorge na defesa, Paulo Sousa e Costinha no meio-campo, Capucho, Sérgio Conceição, Sá Pinto e Pauleta na frente, descansando assim Vítor Baía, Dimas, Vidigal, Secretário, Paulo Bento, Rui Costa, Figo e Nuno Gomes.
Os suplentes queriam mostrar a Humberto Coelho que podia contar com eles e, numa grande exibição coletiva, sobressaiu Sérgio Conceição (jogava na Lázio), que fez o jogo mais marcante da sua carreira na seleção. Marcou aos 35, a emendar de cabeça um centro de Pauleta; aos 54 fez o 2-0 num tiro de pé esquerdo de fora área para um grande ‘frango’ de Kahn; e aos 71 minutos, em contra-ataque, concluiu um passe de Capucho com um remate seco, ao segundo poste.
O agora treinador tornou-se no primeiro e único português até à data a assinar um hat-trick em fases finais de Campeonatos da Europa.
Além de ter deixado os alemães pelo caminho, Portugal passou a fazer parte da carreira de Lothar Matthäus: o histórico médio disse adeus à ‘mannschaft’ nesse encontro.
https://x.com/UEFAcom_pt/status/1141640209362247686
Ficha de jogo, na altura
Portugal: Pedro Espinha (Quim 90); Beto, Jorge Costa, Fernando Couto (c), Rui Jorge; Sérgio Conceição, Paulo Sousa (Vidigal 72), Costinha, Capucho; Sá Pinto, Pauleta (Nuno Gomes 67)
Suplentes: Vítor Baía, Abel Xavier, Secretário, Dimas, Paulo Bento, Rui Costa, Luís Figo, João Pinto
Seleccionador: Humberto Coelho
Alemanha: Kahn (c); Matthäus, Rehmer, Linke, Nowotny; Deisler, Ballack (Rink 46), Scholl (Hässler 60), Hamann; Bode, Jancker (Kirsten 69)
Suplentes: Butt, Lehmann, Wosz, Ziege, Ramelow
Seleccionador: Erich Ribbeck
Árbitro: Dick Jol (Países Baixos)
Melhor em Campo para a UEFA: Sérgio Conceição (Portugal)
Daqui a pouco, Portugal só precisa de encontrar o seu Sérgio Conceição para derrotar os germânicos, 25 anos depois do último triunfo.