21 dias de corrida, 3.338 quilómetros e 800 metros para percorrer onde se esperam muito espetáculo e emoção, conforme é habitual, naquela que é a maior prova do ciclismo mundial.
Arranca este sábado a 112ª edição da Volta a França, pela frente os 184 corredores terão três semanas intensas, e com etapas para todos os gostos.
Na corrida à camisola amarela os dois homens que venceram as últimas cinco edições: Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard.
Pelo meio, esperam-se ainda outros nomes que possam entrar na luta, como é o caso de Remco Evenepoel, Primoz Roglic ou Florian Lipowitz.
Para ajudar à conquista do seu quarto ‘Tour’, Pogacar conta com João Almeida; o ciclista português atravessa um fantástico momento de forma, e já leva nove triunfos esta temporada, apenas suplantado pelo colega esloveno.
As etapas
Pela primeira vez em cinco anos, o Tour vai começar em solo francês, mantendo-se ‘em casa’ ao longo de toda a prova. O arranque terá lugar em Lille, mantendo-se no norte do país ao longo da primeira semana.
Contudo, engane-se quem pense que os primeiros dias serão exclusivamente para os ‘sprinters’. As passagens pela Normandia e, sobretudo, pela Bretanha, trarão consigo algumas dificuldades, como é o caso da sétima etapa, que termina no mítico Muro da Bretanha.
Mas antes disso, há o primeiro contra-relógio individual, com uma extensão de 33 quilómetros, e que deverá começar a fazer a primeira seleção de candidatos.
Todavia, as verdadeiras grandes dificuldades chegam no arranque da segunda semana. A 14 de julho, dia da Bastilha, o pelotão tem um primeiro aperitivo, com oito contagens de montanha (sete de segunda categoria) ao longo de 165 quilómetros.
A chegada aos Pirinéus acontece na etapa 12, com a chegada ao mítico Hautacam, uma subida de 13,5 quilómetros com 7,8% de pendente média, isto depois de uma contagem de primeira categoria e outra de segunda.
Após esta terrível subida, o pelotão não tem propriamente tempo para descansar, uma vez que no dia seguinte temos uma ‘cronoescalada’. Um contra-relógio de 11 quilómetros até Peyragudes, com pendentes que variam entre os 8 e os 16%.
Muda-se a etapa, mas o perfil mantém-se. Na 14ª etapa, os ciclistas terão de percorrer mais de 180 quilómetros ultrapassando subidas como o Col D´Aspin, ou Peyresourde ou o famoso Tourmalet para nova chegada em alto, desta feita em Superbagnères.
Depois de uma etapa menos acidentada e do último dia de descanso, chegamos aos Alpes. E que melhor maneira de entrar do que através do terrível mítico Mont Ventoux; mais de quinze quilómetros com 8,8% de média que podem fazer toda a diferença nas contas da classificação geral.
Contudo aquela que é considerada a ‘etapa-rainha’ chega no dia seguinte, e pode decidir por completo a corrida.
Ao todo são 171 quilómetros, com três contagens de categoria especial, cada uma mais difícil que a anterior: o Col du Glandon (22 km a 5,7% de média), o Col de la Madeleine (19,2 km a 7,9% de média) e o Col de La Loze (26,4 km a 6,5% de média) e que coincide com o final da tirada.
Principais candidatos
No que à camisola amarela diz respeito, Tadej Pogacar parte na ‘pole position’, não só porque venceu a última edição de forma clara, como também tem demonstrado o seu domínio ao longo do calendário. O ciclista da Team Emirates somou até esta altura 11 vitórias e está a uma de chegar à centena de triunfos na carreira.
Pogacar procura o seu quarto ‘Tour’, o que lhe permitira juntar-se a Chris Froome com quatro conquistas, e aproximar-se do quarteto composto por Miguel Indurain, Eddy Mercx, Bernard Hinault e Jacques Anquetil.
Para além do talento individual, o campeão do mundo conta ainda com um bloco fortíssimo, onde se destacam João Almeida, Adam Yates e Jhonatan Narváez.
O principal adversário de Pogacar é Jonas Vingegaard. O ciclista dinamarquês já venceu o Tour por duas vezes e procura o terceiro título. Ao contrário de ‘Pogi’, o nórdico da Visma teve um calendário pouco preenchido, participando apenas na Volta ao Algarve, Paris-Nice e Criterium Dauphiné.
Vingegaard parece estar a colocar as fichas todas no Tour, e, tal como Pogacar, conta com uma equipa à altura. Nela constam nomes como Simon Yates, vencedor do Giro, Sepp Kuss ou Wout Van Aert.
Num degrau abaixo surge Remco Eveneopel. O campeão olímpico de estrada e contra-relógio, foi terceiro na última edição e quer voltar a testar-se contra os melhores. O belga espera estar ao seu melhor nos contra-relógios para poder lutar com os dois principais candidatos.
O grande ‘handicap’ de Remco prende-se com a equipa que, perante a ausência de Mikel Landa, não mostra ter os mesmos argumentos que a Visma e Team Emirates.
Para além destes três, outros nomes há que certamente irão lutar pelos lugares cimeiros, ou até ameaçar o pódio. Primoz Roglic e Florian Lipowitz (Red Bull), Enric Mas (Movistar), Mattias Skjelmose (Lidl-Trek), Ben O’Connor (Jayco) ou Kévn Vauquelin serão corredores a ter em conta na hora das decisões.