Chama-se Ivan Likhmanov, tem 29 anos e vive na Rússia. Mas não deixa que os mais de 5 mil quilómetros que o separam do Estádio do Dragão o impeçam de viver o FC Porto intensamente — todos os dias, há mais de uma década. A história é, no mínimo, insólita e cativante: um adepto russo que vibra, sofre e se emociona com as vitórias e derrotas dos azuis e brancos como se fosse um portuense da Ribeira.
Tudo começou em fevereiro de 2010, quando Ivan, então com 15 anos, assistiu com o pai ao jogo da Liga dos Campeões entre FC Porto e Arsenal, no Estádio do Dragão. “Fiquei impressionado com a forma como a equipa jogava, com o carácter e a luta frente ao clube inglês. Gostei logo do estádio e pensei que um dia queria visitá-lo”, recordou numa entrevista à Sportinforma.
Sabia pouco ou nada sobre o clube na altura, mas bastou aquele jogo para que começasse a ler a história dos dragões e a acompanhar os resultados. No verão desse ano, ao entrar na universidade, levou a paixão mais longe: criou uma comunidade dedicada ao FC Porto na rede social russa VKontakte (VK) — que ainda hoje gere, juntamente com um site, um canal no Telegram e uma página na rede Odnoklassniki.
“O FC Porto é diferente de todos os outros. É símbolo da cidade, do Norte de Portugal, é mais do que um clube. Tem uma ligação única aos adeptos, independentemente da nacionalidade ou da geografia. Se tens o FC Porto no coração, és parte da família portista”, afirmou.
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“O clube precisava de mudança”
Sobre a saída de Jorge Nuno Pinto da Costa e a chegada de André Villas-Boas à presidência, Ivan foi pragmático: “Recebi a mudança com tranquilidade. O presidente Pinto da Costa foi e será sempre uma figura lendária. O FC Porto dele foi aquele por quem me apaixonei. Mas o clube precisava de mudar. E acredito que o Villas-Boas, tal como Pinto da Costa, ama este clube. Já temos os primeiros títulos com a nova direção e espero que venham muitos mais.”
Uma viagem ao Dragão que ficou gravada na alma
Há seis anos, Ivan concretizou o seu sonho: viajou até Portugal e visitou o Estádio do Dragão. Viveu de perto a realidade do clube e levou consigo memórias inesquecíveis.
“Foi o melhor momento da minha vida. Para alguns, visitar o Dragão é rotina, para mim foi um sonho. Estive no estádio, vi a equipa, os adeptos, o ambiente. Fui ao museu. Nunca esquecerei”, recordou ainda.
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Mesmo com uma derrota frente ao Mónaco, num jogo de apresentação, nada lhe apagou o entusiasmo. Agora, o regresso parece distante: “A situação política limita-me muito, física e financeiramente. Mas acredito que um dia voltarei. Mesmo longe, o FC Porto está sempre comigo — no coração, no telemóvel, no computador e na televisão.”
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Confiança no novo treinador
Ivan mostra-se otimista em relação ao futuro do clube com o novo treinador, Francesco Farioli.
“Li sobre a sua filosofia em Nice e no Ajax. Mesmo sem títulos, conseguiu implementar ideias e transformar as equipas. Vejo melhorias no jogo do FC Porto e acredito que temos condições para sermos mais competitivos”, garantiu.
Também os reforços merecem o seu voto de confiança: “Gosto do Froholdt e do Gabri Veiga. São jovens promissores. É importante manter as principais figuras e acredito que ainda chegarão mais jogadores. Há posições a reforçar.”
“Vamos lutar até ao fim”
A pré-época ainda vai a meio, mas Ivan mantém a esperança em alta: “A equipa já deu sinais positivos. O novo treinador pode incutir o espírito de luta até ao fim, que é a essência do FC Porto. A época começa do zero e temos todas as condições para lutar pelo título. Nós, os adeptos, estaremos sempre ao lado da equipa.”
Longe, mas perto. Desconhecido para muitos, mas um verdadeiro portista. Ivan Likhmanov é prova viva de que o amor por um clube não conhece fronteiras, nem línguas, nem geografia. No coração da Rússia, bate um Dragão.