É sempre assim, no final de uma época e antes do arranque de outra: uns jogadores partem, outros vêm. Mas – sobretudo enquanto os que chegam não caem no goto dos adeptos – as saudades são muitas dos craques que partem. E, esta época, são vários os nomes que abrilhantaram o nosso campeonato nos últimos tempos e que rumaram a outras paragens.
Começamos, claro está, pelo melhor marcador das duas últimas edições da I Liga: Viktor Gyokeres. E quanto deu que falar a sua saída…terá sido mesmo a principal novela do defeso neste mercado de verão, cá dentro e lá fora.
O sueco chegou a Alvalade no verão de 23/24. As desconfianças, na altura, foram muitas. Era, na altura, a contratação mais cara de sempre dos leões (20 milhões de euros mais bónus por objetivos) e vinha da segunda divisão do futebol inglês. Mas depressa mostrou que não enganava, conquistando os adeptos leoninos e até os rivais.
Marcou 43 golos (e fez 14 assistências) em 50 jogos na primeira época de leão ao peito. Duvidou-se que fosse capaz de fazer igual na segunda, mas fez ainda melhor: 54 golos e 13 assistências em 52 jogos.
Despediu-se (depois da tal longa novela, que até o levou a faltar ao estágio de pré-temporada) com dois campeonatos e uma Taça de Portugal conquistados, 97 golos e 27 assistências em 102 jogos pelo Sporting, rumando ao Arsenal como a venda mais cara de sempre dos verdes e brancos (65 milhões de euros mais 10 milhões em objetivos). Mas as saudades, dele e do seu festejo icónico, certamente, serão muitas entre os adeptos leoninos.
Do outro lado da Segunda Circular, do Benfica, saiu outro ídolo: Angél Di María. Já com 37 anos, o astro argentino resolveu colocar ponto final na sua segunda passagem pelas águias para regressar a casa e ao Rosário Central, clube de onde tinha saído, em 2007, para rumar à Europa e precisamente ao Estádio da Luz, num poético fechar de ciclo.
Mesmo já numa fase descendente da carreira – e apesar de alguns terem dúvidas sobre se a sua presença na equipa era ou não ainda uma mais-valia – Di María marcou 19 golos e fez 9 assistências pelos encarnados em 2024/25. Na época anterior tinha marcado 17 golos e rubricado 13 assistências. A esses números, o inegável requinte no toque de bola e gestos técnicos notáveis. Aspetos que deixam, naturalmente, a nossa Liga mais pobre.
O Benfica viu ainda partir outros jogadores que mostraram qualidade por cá nos últimos tempos. O turco Orkun Kökçü também regressou ao seu país natal, transferido para o Besiktas depois de na memória de todos estar o desentendimento com Bruno Lage em pleno estádio durante uma partida do Mundial de Clubes (e não foi o seu único problema disciplinar em duas temporadas de águia ao peito).
Disso, certamente, os benfiquistas não sentirão saudades. Mas talvez sintam saudades dos seus remates de longe e dos 19 golos e 22 assistências que assinou em 98 jogos ao longo de duas épocas na Luz.
Quem também saiu foi Álvaro Carreras. Quando o Benfica parecia ter, enfim, encontrado um substituto à altura para Alex Grimaldo, Carreras seguiu para o Real Madrid a troco de 50 milhões de euros, depois de cinco assistências, quadro golos e muitos lances empolgantes em 52 jogos em 2024/25.
No FC Porto não há registo da saída de qualquer jogador de quem os adeptos vão sentir, propriamente, falta. Talvez o regresso de Fábio Vieira ao Arsenal depois do empréstimo aos dragões mereça destaque, mas a verdade é que o internacional português não deslumbrou no ‘regresso a casa’.
Há, porém, outros jogadores que deixaram o nosso campeonato e que vão deixar saudades.
O SC Braga despediu-se, em definitivo, do guarda-redes Matheus, vendido ao Estrela Vermelha de Belgrado depois de já ter passado a segunda metade da temporada cedido ao Ajax. Foram, ao todo, dez temporadas e meia na I Liga, todas no conjunto minhoto e quase sempre como titular indiscutível. Despediu-se ao fim de 372 jogos, levando no palmarés duas Taças de Portugal e duas Taças da Liga.
O Vitória SC viu sair Filipe Relvas ao fim de apenas seis meses, depois de o central ter mostrado qualidade ao longo de várias temporadas no Portimonense, e o veterano Bruno Gaspar também voltou a dizer adeus ao nosso campeonato. E no Santa Clara, que superou os vimaranenses pela última vaga europeia na temporada passada, foi Ricardinho quem seguiu para outro lado, mais concretamente para o México, depois de sete golos em 31 jogos pelos açorianos em 24/25.
Gil Vicente e Casa Pia, por seu lado, bateram os respetivos recordes da sua venda mais cara de sempre com a transferência para França de dois jogadores que deram cartas por cá na temporada transata. Dos galos saiu Félix Correia (rumo ao Lille), depois de o internacional sub-21 luso assinar dez golos e quatro assistências na temporada passada. Dos gansos saiu Ruben Kluivert (filho do lendário Patrick Kluivert, rumo ao Lyon), depois de uma convincente época no centro da defesa do conjunto lisboeta.
Também o Arouca recebeu uma quantia assinalável (seis milhões de euros) para vender o outro internacional sub-21 luso formado no Sporting, no caso o defesa Chico Lamba, transferido igualmente para França, para o St.Étienne por 6 milhões de euros.
Outro Chico, no caso Chico Banza, deixou o Estrela da Amadora depois de ter dado boas indicações na temporada passada e, claro, a I Liga despediu-se ainda do carismático guarda-redes mexicano Guillermo Ochoa, depois de uma época ao serviço do AVS onde ainda mostrou alguns dos seus dotes na baliza. Depois, claro, há a longa lista de jogadores que deixaram o Boavista (face à despromoção à II Liga e, depois, à consequente descida aos distritais), com destaque para o goleador Róbert Boženík ou o experiente guarda-redes Tomas Vaclík.