A Premier League voltou a dominar o mercado de transferências de verão, tendo batido o seu recorde de gastos. Os 20 clubes que compõe o campeonato mais mediático do mundo gastaram 3.500 milhões de euros, um valor superior ao que gastaram as ligas espanhola, italiana, alemã e francesa, juntas.
Os milhões gastos podiam ser vistos como pujança financeira, mas a realidade é bem distinta. De acordo com um estudo da ‘Fair Game’, publicado esta semana, mais de metade dos clubes dos quatro principais escalões do futebol inglês estão tecnicamente insolventes e apenas um em cada cinco tem um balanço neutro (as receitas igualam as despesas).
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O estudo, que analisou 164 clubes profissionais e semiprofissionais de Inglaterra, concluiu que apenas onze dos 94 clubes das quatro principais divisões de futebol do país têm dinheiro suficiente no banco para cobrir os gastos operacionais durante três meses, como salários dos jogadores e dos funcionários, e apenas 43 dos 92 clubes têm menos de um mês de salários disponíveis em caixa.
O ‘Fair Game Index 2025 (ver aqui o relatório)’ vem demonstrar “o estado chocante do futebol” em Inglaterra, e servirá de base para o recém-criado regulador independente do futebol britânico (IFR).
O estudo avaliou 22.000 pontos de dados relativos a 164 clubes em Inglaterra e foi alinhado com os critérios que se espera venham a ser usados pelo novo regulador, que deverá estar operacional antes do final do ano. Neste momento, apenas quatro clubes profissionais estão “preparados para o regulador”.
Centrando-se apenas nos 20 clubes da Premier League, o estudo concluiu que apenas o Brighton & Hove Albion cumpre os critérios mínimos do novo regulador. Alargando a análise às restantes divisões profissionais, apenas o Cambridge United, o Carlisle United e o Wimbledon entram na lista.
O único clube até à sexta divisão, que cumpre todos os requisitos é o Bath City, uma equipa semiprofissional.
“Se alguém ainda tinha dúvidas sobre se o futebol precisa de um regulador, o relatório de hoje desfaz por completo essas dúvidas. A imprudência financeira é generalizada, a boa governação é rara e os assuntos relacionados com ética e ambiente raramente chegam à administração. Existem algumas exceções e temos todo o gosto em destacar esses clubes hoje. Estes clubes são exemplares e o fluxo financeiro do futebol deve procurar recompensá-los”, analisou o diretor executivo da ‘Fair Game’, Niall Couper.
O estudo alerta que governação, em particular a independência e a transparência das direções, é a área que merece mais atenção. Nenhuma divisão obteve uma pontuação muito superior a 50% neste domínio. As classificações de transparência são significativamente mais fracas em todas as divisões no que toca à governação do que no campo financeiro.
O ‘Fair Game’ pontuou os clubes analisados com os prémios Ouro, Prata e Bronze.
O Prémio Ouro foi atribuído a quatro clubes da EFL (Championship) e ainda ao Bath City, do National League South. Nove clubes receberam o Prémio Prata e 13 conseguiram o Prémio Bronze, o mínimo exigido.
Clubes premiados:
Prata: Chelsea, Manchester City, Manchester United, Tottenham Hotspur, Plymouth Argyle, Swansea City, Exeter City, Rochdale, Chester.
Bronze: Arsenal, Brentford, Liverpool, West Ham United, Burnley, Luton Town, Norwich City, Watford, Lincoln City, Chesterfield, Forest Green Rovers, Darlington FC, Maidstone United.
O ‘Fair Game’ chamou ainda a atenção para as abordagens dos clubes nas questões ambientais: apenas oito clubes da Premier League têm metas e planos para reduzir as emissões de carbono. Exatamente metade (82) dos 164 clubes recebe patrocínios de empresas ligadas a casa de apostas ou ao álcool. Na Premier League, 19 clubes recebem financiamento de ambas as origens.
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