Natural da Praia da Tocha, José Sousa já foi campeão nacional de maratona em três ocasiões (feito inédito nos últimos 44 anos), a última das quais em 2024, José Sousa tem vindo a destacar-se em várias competições internacionais e nacionais, com destaque para o recorde alcançado na Maratona do Funchal.
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Recentemente, voltou a correr a maratona de Berlim, uma das provas mais desafiantes e mediáticas. A contas com problemas físicos, o resultado não foi o esperado, mas não baixa os braços e promete voltar a treinar e competir com normalidde o mais depressa possível, fortalecendo o corpo para que situações como esta não limitem o rendimento. “A maratona exige superar limites,
e o treino não se limita a correr 42 quilómetros: é um trabalho contínuo de força, disciplina e resiliência”, sublinha, à conversa com o Sportinforma.
Os primeiros passos no atletismo e a paixão pela Maratona
José Sousa começou o seu percurso no atletismo ainda em jovem, participando em provas distritais e regionais. “Aos poucos fui evoluindo, inicialmente em distâncias mais curtas, próprias dessa fase, até chegar ao escalão sénior, onde percebi que tinha maior capacidade em provas de longa distância, sobretudo na maratona. Foi aí que descobri a minha verdadeira ligação à modalidade”, recorda.
Atualmente, está na sua terceira época a representar o Maceió Caballejo, clube com o qual participa em várias provas nacionais, como campeonatos de estrada, corta-mato e provas distritais.
“Ao mesmo tempo, mantenho objetivos pessoais, que passam também por competições internacionais, onde é necessário um apoio adicional para conseguir alcançar melhores resultados. Neste momento, esse compromisso diário com os treinos e com as provas é reforçado pelo apoio dos Heróis Betano, que me dá motivação extra para continuar a lutar pelos meus objetivos”, explica-nos.
A paixão pela maratona, essa, surgiu depois de correr a distância pela primeira vez e perceber que tinha as características adequadas. “Sempre me senti mais à vontade a preparar treinos longos e consistentes, típicos da maratona, do que em sessões de séries mais curtas e intensas, que acabam por ser mais exigentes quando feitas sozinho. No treino de maratona consigo manter a disciplina e o foco mesmo sem companhia, e isso fez-me perceber que era nesta distância que podia dar o meu melhor”, recorda.
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Os principais resultados
A sua primeira grande conquista chegou com o seu primeiro de três títulos de campeão nacional, na Maratona do Porto, em 2018. Voltou a sagrar-se campeão nacional em 2023 e 2024. Também em 2024 venceu a Maratona de Reykjavík, na Islândia, triunfo que repetiu neste ano de 2025, em agosto. “Foi um momento muito especial, que me deu ainda mais confiança”, conta.
Outro marco importante foi alcançado numa das suas presenças na Maratona de Berlim. “Consegui fazer 2h14m49s. Esse era um dos grandes objetivos traçados com o programa Heróis Betano: alcançar uma marca que me permitisse ambicionar representar Portugal. Não correu bem à primeira tentativa, mas correu à segunda — e esse esforço acabou por ser recompensado, já que este ano tive a oportunidade de competir pela seleção nacional”. sublinha.
As dificuldades que enfrenta um atleta semi-profissioanl no nosso país
Natural de uma pequena localidade, José Sousa diz-nos que a principal dificuldade que foi encontrando ao longo da carreira foi sempre a falta de infraestruturas. “Muitas vezes treino sozinho, sem a motivação de ter colegas ou grupos de treino, mas isso também me deu resiliência e força para continuar”, salienta. Ainda assim, nos últimos tempos o cenário tem vindo a melhorar.
“Sempre treinei na Praia da Tocha, e mais recentemente tenho tido a sorte de contar com uma das maiores ciclovias do país, que é um excelente espaço para treinar”, diz-nos.
Atleta semi-profissional, José Sousa vive também o desafio de conciliar a vida pessoal e profissional com o atletismo. “Trabalho na área do desporto, o que me permite estar ligado ao meio e ter alguma flexibilidade para treinar, mas a verdade é que a modalidade não me permite viver apenas dela. Tenho de gerir horários entre treinos, trabalho e a vida familiar, o que obriga a muita disciplina — treinos de manhã cedo, ao final do dia, e muitas vezes até em horário de almoço”, resume.
Apesar das dificuldades, porém, o gosto pela corrida e a capacidade de encontrar soluções foram sempre mais fortes. “Ser pai de família já é, por si só, uma grande atividade. Entre o trabalho, os treinos e a família, o meu dia fica totalmente preenchido. É um equilíbrio exigente, mas é isso que realmente conta”, reforça.
A preparação para uma maratona envolve, naturalmente, várias semanas de treino específico, com atenção cuidada à alimentação e ao descanso. “É uma disciplina exigente, que requer consistência e foco ao longo de todo o ciclo de treino”, acrescenta ainda.
A importância dos apoios
Os apoios são, pois, fundamentais, especialmente para atletas que conciliam o desporto com trabalho e família. “Participar em maratonas internacionais implica custos elevados — viagens, estadias, inscrições — que muitas vezes são comparáveis ao preço de umas férias. Sem apoios, torna-se praticamente impossível competir e representar Portugal em grandes provas”, aponta José Sousa.
“Nos últimos dois anos, contei com o apoio dos ‘Heróis Betano’, que me permitiu realizar treinos mais específicos, incluindo sessões em altitude simulada. Isso foi fundamental para otimizar a preparação, sem comprometer o tempo com a família, e ajudou-me a alcançar melhores resultados nas provas”, explica.
“Programas como o ‘Heróis Betano’ permitem que os atletas consigam focar-se nos treinos e nos objetivos, sem comprometer o equilíbrio pessoal e financeiro. Para quem treina diariamente e tem responsabilidades familiares, estes apoios têm um peso enorme, tornando possível continuar a evoluir e competir em alto nível. O atletismo, ao contrário de modalidades como o futebol, não gera rendimento suficiente para sustentar a carreira de forma exclusiva, por isso cada apoio conta para transformar esforço, dedicação e talento em resultados internacionais”, reforça.
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O futuro, os próximos objetivos e o sonho olímpico
E agora, o que se segue para José Sousa? Com 35 anos de idade, ainda não pensa – longe disso – em parar, embora tenha noção de que com o passar dos anos o rendimento deixará de ser o mesmo. “Não penso em colocar limites. Enquanto tiver saúde e prazer em correr, quero continuar a competir. Claro que a maratona exige atenção à longevidade física. Tenho consciência de que, a partir dos 40 ou 42 anos, o rendimento poderá começar a alterar-se, e será necessário ter mais cuidado e gestão do treino, mas estou motivado para continuar enquanto me sentir capaz” frisa.
O foco imediato, para já, está em recuperar bem fisicamente e preparar-se para a Maratona de Valência, no início de dezembro. “Depois, o objetivo é retomar o desafio do recorde mundial em passadeira, algo que exige preparação específica e recuperação adequada, para conseguir dar o melhor de mim sem comprometer a saúde ou o rendimento. Estes são, por agora, os meus principais objetivos”, avança.
Depois, claro, há outros objetivos e as maratonas que sonha ainda fazer na carreira, como a de Londres e a de Tóquio. “São provas que sempre admirei e acompanhei de perto”. E, obviamente, aquele que será o seu grande sonho: “representar Portugal nos Jogos Olímpicos, algo que qualquer atleta ambiciona, embora seja extremamente exigente”, reconhece.