O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, falou esta manhã no Portugal Football Summit, que decorre em Oeiras, na Cidade do Futebol, e para além de falar sobre a possibilidade de se criar uma nova competição entre clubes ibéricos olhou também para o momento atual do futebol português, afirmando que não vai continuar a alimentar uma guerra com os presidentes dos clubes rivais e apontando o dedo a várias lacunas, entre elas o facto de o VAR não estar 100 por cento operacional em todos os campos da primeira e segunda Ligas, e criticando aqueles que “têm travado o crescimento do futebol português”.
O líder máximo dos dragões falou ainda da transferência que esteve para acontecer mas não se concretizou de Rodrigo Mora para a Arábia Saudita.
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Os problemas do futebol português
“O caminho que temos de trilhar é feito em conjunto. A demografia desportiva portuguesa não tem paralelo com outro país. Entendo a posição de outros clubes. Do que vi do presidente do Sporting, também apoia, já o Benfica está num limbo, segundo as palavras do seu presidente. Nós dominamos provavelmente 80 por cento da demografia desportiva portuguesa. Em Itália, Espanha ou França há forte identificação regional, o que não acontece cá. Isso é retratável pela assistência mínima de determinados clubes. Eu acho que o caminho para a centralização passa por várias propostas. Passa pela repetição de vários jogos entre os grandes. Pode ser aumentar a Liga para 20 clubes e ter um formato de Champions, com duas voltas. Uma até dezembro e outra depois. Rapidamente, um Clássico pode ser jogado três vezes, até”, ponderou.
“Era importante que os clubes se sentassem. Daqui a pouco teremos os três CFO’S dos ‘grandes’ sentados num painel, já os três presidentes não se podem ver uns aos outros. Os outros clubes da Liga também necessitam de posicionar-se”, prosseguiu.
“O VAR não está 100 por cento operacional na primeira e na segunda Ligas. É uma das maiores vergonhas nacionais. Ter câmaras em holofotes é das maiores vergonhas. E ter clubes que esperam que a FPF pague isso também os devia envergonhar. Não podemos é andar numa discussão inócua nas cimeiras de presidentes”, criticou.
Para defender os interesses do FC Porto, tenho de ver o crescimento do futebol português e há determinados clubes que têm travado esse crescimento. Os clubes pequenos não se queixaram do dinheiro das apostas serem centralizadas. Aí já não houve queixas. O Proença conseguiu o grande milagre de centralizar o dinheiro das apostas desportivas. Portugal é o único país que distribuiu para primeira e segunda Liga, não apenas a primeira. É preciso mais consciência e saber que os grandes não querem ficar a perder”, acrescentou.
Expectativas de uma boa época para o FC Porto
“Tenho uma esperança enorme. Felizmente contratámos um grande treinador, de grande qualidade, que motivou não só plantéis, mas estruturas. Tem estratégia, visão, processo e ideias. Comunica bem, sabe estar e sabe como são os valores do FC Porto. A equipa comporta-se como os associados querem, como uma grande equipa e dar tudo em campo. Arrancou bem, mas o campeonato é muito longo e está em aberto”, lembrou.
“O Sporting está sólido, bem construído e treinado, teve a capacidade e reter a maior parte do talento. O Benfica fez um investimento muito forte, ao nosso nível. Nós por necessidade, o Benfica para acrescentar qualidade. É uma grande batalha pela frente que será difícil. Temos margem pontual à 8.ª jornada, é muito prematuro mas queremos manter. Mas há uma relação umbilical entre treinador e equipa, a determinação única na luta pelo título. É preciso evitar lesões e temos tido algumas, o que pode ou não obrigar a irmos ao mercado em janeiro em função disso”, adiantou.
A transferência falhada de Mora para o Al-Ittihad
“Tivemos proposta de 50 milhões de euros do Al Ittihad, um clube que infelizmente se habituou a tentar brincar com o FC Porto, prometeu vir com uma proposta de €63 M que nunca apareceu. O FC Porto, de todas as formas, não venderia o Rodrigo Mora por menos da cláusula, que na altura em €115 M”, começou por explicar.
“No entanto, em conversa com o atleta, dissemos que estávamos disponíveis a aceitar uma conversa a partir dos 70 milhões, mas essa proposta nunca apareceu e o Al Ittihad desapareceu mais uma vez da mesa de negociações com o FC Porto”, continuou.
“Não ficámos muito agradados com a forma como se comportaram nas negociações. Têm todo o direito de sair de uma negociação, mas mexer com a cabeça do miúdo, falar com ele, com o agente, entrar na sua cabeça da forma como entraram, é borderline da ética e moral das transferências”, terminou.