É assim em todos os fins-de-semana em Londres: turistas e mais turistas com as camisolas dos clubes locais da Premier League vestidas. O ‘turismo futebolístico’ tomou conta da capital do Reino Unido e tornou-se numa uma importante atividade económica.
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Esta temporada são nada mais, nada menos do sete (em 20) os clubes londrinos no escalão principal: Arsenal, Chelsea, Tottenham Hotspur, Fulham, Crystal Palace, West Ham United e Brentford. Mas até houve épocas em que já foram mais. O futebol tornou-se em mais um dos muitos atrativos turísticos que Londres já tinha. Os chamados ‘turistas de futebol’ geraram negócio para os clubes e transformaram-se num motor e numa parte importante do PIB da capital inglesa.
Mas não é só o turismo. O desporto em si é um negócio cada vez mais em Londres. Na passada semana os Jacksonville Jaguars defrontaram os Los Angeles Rams em Wembley, num jogo da fase regular da NFL (Campeonato de Futebol Americano) e houve um derby londrino entre Fulham-Arsenal para a Premier League. Curiosamente (ou não) os proprietários dos clubes são os mesmos: os donos do Fulham também detêm os Jacksonville Jaguars e os donos do Arsenal detêm também os Los Angeles Rams.
O Arsenal e os Rams são propriedade conjunta da Kroenke Sports & Entertainment (KSE), uma holding americana gerida por Stan Kroenke. Shahid Khan, multimilionário norte-americano, é dono dos Jaguars e do Fulham. Foi elucidativo dos tempos de mudança do futebol (e do desporto) em Inglaterra: quatro equipas propriedade de dois multimilionários americanos a jogar em dois desportos de duas das ligas mais populares do mundo a cerca de 16 quilómetros de distância, na mesma cidade em dias consecutivos.
Fulham deu o exemplo
Durante muitos anos o Fulham foi apenas um clube modesto, como tantos outros, de Londres, longe de ter a visibilidade de Arsenal ou Tottenham. Mas tudo começou a mudar enquanto esteve 14 anos sob a alçada do agora falecido antigo dono da Harrods, Mohamed Al Fayed, que trouxe uma nova visão de negócio para o clube e o fez crescer até se tornar presença regular na Premier League.
O clube foi entretanto vendido a Shahid Khan e, sob a sua liderança, juntamente com o seu filho Tony, vice-presidente e diretor de operações, o Fulham transformou-se em definitivo graças a um ambicioso plano de marketing e a um grande investimento, como evidenciado pela renovação da bancada Riverside, uma bancada de luxo com vista para o Tamisa que inclui até uma piscina e uma vista panorâmica privilegiada da cidade. Após a ermodelação, os seus 29.600 lugares costumam ficar lotados.
O clube não só conseguiu consolidar-se na Premier League, como também se tornou um local imperdível para os visitantes estrangeiros. Existe agora um plano de negócios completo, que cobra aos adeptos, tanto locais como estrangeiros, preços elevados não só para assistir aos jogos, mas também para desfrutarem de uma experiência ‘premium’. Nas palavras do próprio Shahid Khan, trata-se de “um local incomparável”.
Tottenham a lucrar com o novo estádio, adeptos do West Ham descontentes
Outro clube a tirar proveito desta nova realidade é o Tottenham Hotspur. O seu novo estádio multifuncional, inaugurado em 2019, capta na perfeição o negócio que o futebol representa atualmente. A sua receita provém em boa parte de diversos eventos relacionados com o turismo, como ofertas de hospitalidade, que incluem, para além da partida, menus à la carte preparados por chefs com estrelas Michelin, e vários outros eventos, como concertos (só este ano serão 19).
Com capacidade para quase 63.000 pessoas, o Estádio dos Spurs é uma fonte de receitas comerciais. Ao ponto de fazer inveja ao vizinho e rival Arsenal, que já planeia uma ambiciosa expansão do Emirates Stadium, um estádio que até só ainda tem 13 anos, mas que perante este novo cenário necessita urgentemente de crescer. Mais a sul da cidade, o Chelsea também tem vindo a discutir com os seus parceiros há algum tempo uma forma de se mudar do seu antigo estádio, Stamford Bridge, para um novo estádio que satisfaça as exigências e gere mais receitas.
O exemplo do Fulham, e a forma como consegue atrair os tais ‘turistas do futebol’ é também explorado por clubes mais pequenos, como o Crystal Palace, ou o West Ham. Mas, no que toca aos hammers, que há alguns anos deixou Upton Park para se mudar para o London Stadium, palco dos Jogos Olímpicos de 2012, os adeptos do clube não parecem contentes, tendo-se manisfestado recentemente por se sentirem prejudicados pela presença massiva de visitantes estrangeiros nos seus jogos.























