O Sporting foi a Turim para jogar, não para assistir. Frente à poderosa Juventus, de Luciano Spalletti, a equipa de Rui Borges apresentou-se sem medo, com uma postura alta e pressionante, tentando condicionar a primeira fase de construção italiana logo desde o apito inicial. O plano era claro: morder, recuperar rápido e jogar com critério. E, durante largos minutos, os leões foram donos do jogo.
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O nome de Fotis Ioannidis aparece em praticamente todos os momentos fortes desse arranque. O grego foi o primeiro defensor e o primeiro atacante. Incansável na pressão, obrigava Bremer e Danilo a jogar longo, forçando o erro e criando desconforto. A recompensa apareceu aos 12 minutos, e foi um golo que resumiu na perfeição a ideia de jogo de Rui Borges.
Tudo começou na zona central, com Ioannidis a receber de costas, na meia-lua, e a deixar de calcanhar para Trincão. O extremo português, com um toque de classe, abriu na esquerda para Maxi Araújo, que vinha embalado desde trás. O uruguaio encheu o pé esquerdo e, num disparo seco e cruzado, fez o 1-0. Um remate cheio de convicção, daqueles que fazem silenciar estádios.
O Sporting estava em chama, e Trincão podia ter ampliado a vantagem dois minutos depois. Entrou em diagonal, rematou de pé direito e viu Thuram desviar a bola, que acabou por bater com estrondo na barra da baliza de Di Gregorio. Era um Sporting solto, audaz e confiante.
Mas a Juventus é, por natureza, uma equipa que não se assusta facilmente. Empurrou o jogo para o meio-campo leonino e começou a testar a concentração da linha defensiva portuguesa. Aos 17 minutos, Pierre Kalulu cruzou tenso da direita e Vlahovic apareceu com o seu instinto de matador. O cabeceamento foi poderoso, mas Rui Silva, com uma defesa monumental, negou o empate.
A partir daí, o jogo virou. Thuram, Chico Conceição e Vlahovic começaram a encontrar espaços e, aos 34 minutos, a igualdade chegou de forma inevitável. O francês Thuram arrancou pelo corredor central, tirou dois adversários do caminho e serviu Vlahovic, que apenas encostou para o 1-1. Um golo simples na execução, mas nascido de uma desconcentração momentânea da defesa leonina.
O resto da primeira parte foi de sofrimento para o Sporting. A Juventus ganhou metros, acelerou o jogo e criou nova ocasião flagrante aos 40 minutos, quando Francisco Conceição apareceu ao primeiro poste, mas Gonçalo Inácio, com um corte providencial, impediu a reviravolta. O intervalo chegou no momento certo — e os leões agradeceram o fôlego.
Na segunda parte, o Sporting entrou mais contido, mas sem abdicar da sua ideia. Procurava ter bola, circular com paciência e reduzir a velocidade da Juventus, que subia de intensidade a cada recuperação. Rui Silva voltou a ser protagonista, com intervenções seguras, enquanto Ioannidis e Trincão tentavam segurar a posse na frente, já com menos frescura.
Com o passar dos minutos, as substituições de Rui Borges trouxeram estabilidade. A entrada de Eduardo Quaresma revelou-se determinante para reforçar o eixo defensivo e permitir que a equipa respirasse. Aos 76 minutos, o Sporting conseguiu “congelar” o jogo — e, a partir daí, mostrou maturidade.
A Juventus, empurrada pelo público e pelo talento de Yildiz e Vlahovic, tentou de tudo, mas a muralha verde e branca não cedeu. Rui Silva terminou o jogo com as luvas gastas e um sorriso discreto; Rui Borges, com a certeza de que o seu Sporting soube crescer num dos palcos mais exigentes da Europa.
O 1-1 final é mais do que um ponto: é uma demonstração de identidade. Um Sporting que já não se deslumbra com os grandes, que joga olhos nos olhos, que sabe sofrer e responder. Em Turim, os leões rugiram — e o som ecoou pela Europa.























