15 de março de 1994. O Benfica, treinado por Toni, entra em campo na Alemanha para jogar a segunda mão dos quartos de final da Taça dos Vencedores das Taças, depois de um empate 1-1 na Luz, 15 dias antes, frente ao Bayer Leverkusen.
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A expetativa era grande. As águias lideravam o campeonato nacional, numa luta então acérrima com o Sporting (esta era a temporada que viria depois a ser decidida por outro jogo mítico – os 3-6 – em Alvalade) e contava com um plantel de qualidade, que fazia sonhar os adeptos com uma possível nova conquista europeia (adiada ainda até hoje), depois de esse sonho ter caído por terra alguns anos antes, na derrota na final da Taça dos Campeões de 1989/90 com o AC Milan.
A primeira mão não tinha sido fácil. O Leverkusen, na Luz, esteve a ganhar até perto do fim, valendo às águias um golo de Isaías, já nos descontos, a evitar a derrota.
Numa altura em que os golos fora ainda contavam, o Benfica entrou então em campo em Leverkusen com uma ligeira desvantagem e a saber que teria sempre de marcar pelo menos um golo para seguir em frente. Toni apostou em Neno na baliza, William e Hélder como dupla de centrais e em Abel Xavier e Stefan Schwarz nas laterais. No meio-campo estavam o russo Kulkov, o agora presidente Rui Costa e Vítor Paneira. Mais à frente, João Vieira Pinto e Isaías no apoio ao outro russo, Sergey Yuran.
Num Ulrich-Haberland-Stadion esgotado também com muitos imigrantes portugueses nas bancadas), as coisas não começaram bem para a equipa portuguesa, com o avançado internacional alemão Ulf Kirsten a dar vantagem ao Bayer, aproveitando uma má saída de Neno para marcar de cabeça. E foi com o Bayer a vencer por 1-0 que o intervalo chegou. Nada faria prever o que aí vinha, nos segundos 45 minutos.
Segunda parte de loucos
O lendário Bernd Scuhster, já no ocaso da sua carreira, colocou os anfitriões a vencerem por 2-0 e pensou-se que tudo estaria decidido. Puro engano. Logo a seguir, com um remate fantástico após receber a bola de Rui Costa, Abel Xavier reduzia para 2-1. O Benfica precisava de apenas mais um golo para passar para a frente da eliminatória e esse golo surgiu no minuto seguinte, assinado por João Vieira Pinto, com um daqueles cabeceamentos à sua imagem, após canto de Rui Costa.
2-2 no placar e o Benfica na frente graças aos golos fora. Um golo de Kulkov – na terceira assistência da noite para Rui Costa – já dentro do quarto de hora final deixava tudo ainda mais bem encaminhado. Mas a história estava longe de estar terminada. Ulf Kirsten bisou aos 80 minutos e fez o 3-3, com Pavel Hapal a marcar aos 82 e a recolocar o Leverkusen na frente do jogo e da eliminatória.
O Benfica, contudo, não se rendeu. Aos 85 minutos, João Vieira Pinto deixou para trás dois adversários e desmarcou Kulkov, que bisou na partida e fez o 4-4 final. O Benfica seguia mesmo em frente para as meias-finais, num dos mais memoráveis jogos europeus da sua história. Um jogo que quem viu, certamente, não esquece.
As meias-finais não iriam correr tão bem. Frente a um Parma que contava com nomes como Sensini, Brolin, Zola ou Asprilla, vitória caseira por 2-1 (com Paneira a falhar nos descontos um penálti que os benfiquistas certamente também recordarão), derrota em Itália por 1-0 e eliminação devido aos golos fora. Mas gravado na memória de todos ficará aquela noite de 15 de março em Leverkusen.
E as boas recordações daquela cidade para as águias não se ficam por aí: o último triunfo do Benfica na Alemanha também foi o terreno do Bayer, por 3-1, na caminhada para a final da Europa League 12/13, perdida para o Chelsea. Deste então, nas últimas oito deslocações a solo germânico, sete derrotas (uma das quais em Leverkusen) e um empate.























