O descanso tende a ser subestimado em vários capítulos da sua vida e o treino é um deles. A evolução no treino pode e deve ser sustentada com momentos de pausa, quer seja de forma passiva ou ativa. Para tentar desmistificar algumas ideias, a Sportinforma conversou com o Personal Trainer Daniel Silva que começou por explicar de que forma é que o descanso vai beneficiar o seu corpo.
“É com o descanso que o nosso corpo vai começar a utilizar todo o tipo de nutrientes para poder ficar cada vez melhor e mais adaptado para o próximo treino”, disse.
– Tudo sobre o desporto nacional e internacional em sportinforma.sapo.pt –
Tal como esclareceu o PT, o descanso deve fazer parte de um conjunto de pilares fundamentais para que possa manter o seu bem-estar físico e mental. À semelhança da alimentação, hidratação, sono e stress, o descanso pode estar incluído na sua rotina sem que comprometa os resultados que procura.
Contudo, o descanso continua a ser olhado com alguma desconfiança, principalmente por quem acredita que só conseguirá atingir os objetivos definidos se treinar todos os dias.
Por essa razão, o PT aproveitou para desconstruir a ideia de que o ganho de força ou massa muscular pode ser comprometido pela introdução de um dia de descanso, garantindo que “o descanso é importante para criar maior hipertrofia muscular”. Ou seja, o aumento de massa muscular será reforçado porque um “bom descanso vai permitir que o corpo recupere e esteja mais preparado para a próxima sessão de treino, de forma a ser o mais eficiente possível para produzir mais força”.
“Depois de um treino, o corpo vai se adaptar com o descanso para poder recuperar, de forma a entrar no outro treino e conseguir estar bem e adequado”, disse.
Para além disso, treinar todos os dias também poderá trazer-lhe alguns dissabores. Em relação a esta questão, Daniel Silva garante que tudo irá depender da prescrição do treino e da respetiva intensidade. O personal trainer afirma que “é preciso perceber qual a intensidade que está a ser trabalhada para garantir que, treino após treino, existe uma recuperação mínima do nosso corpo”. No fundo, o objetivo é que se perceba que a recuperação deve ser assegurada para que o treino seguinte seja “minimamente eficiente”, de forma a tirar proveito do mesmo.
Em relação ao ‘overtraining’, Daniel Silva assegura que é pouco provável que esta condição seja atingida, principalmente por quem não é atleta de alta competição. Ainda assim, o PT refere-se a um sinal de desgaste que pode estar presente e poderá prejudicar o seu treino, podendo estar ligado a fatores de stress, falta de sono, má alimentação e hidratação.
Ou seja, “o desgaste vai fazer com que o corpo fique mais fraco e não seja capaz de recuperar de treino após treino, prejudicando assim quem treina todos dos dias”.
Por tudo isto, o risco de lesão costuma estar associado à falta de descanso, “ainda que não exista um percentual certo” de correlação, tal como refere Daniel Silva. No entanto, “se o corpo não estiver recuperado e apto para fazer as tarefas do dia-a-dia ou para treinar, aumenta o risco de lesão” devido à “fraqueza e falta de concentração”. Em virtude disso, o “cérebro não estará ativo o suficiente para conseguir realizar tarefas/treino de forma adequada”, pelo que a falta de descanso irá influenciar o risco de lesões.
“Incluir um dia de descanso no treino pode ser positivo para o lado mental, uma vez que nem tudo é físico”, garante o PT.
O cansaço vai dar-lhe sinais e é importante estar atento para que saiba quando o seu corpo não está a reagir ao treino da melhor forma. Se sentir fraqueza ou dores musculares no final de cada treino, de forma consecutiva, é sinal de que há algo na prescrição do treino que não está bem ajustado. Quer seja a nível de alimentação ou até no que diz respeito ao volume do treino, por exemplo, segundo Daniel Silva.
Nesses casos, o PT abordou a diferença entre descanso ativo e passivo, bem como a forma como podem e devem ser geridos de forma personalizada a cada pessoa de acordo com o seu “estilo de vida e o objetivo do treino”. O descanso ativo pode ser introduzido no treino através de exercícios mais cardiovasculares como uma “caminhada leve ou bicicleta leve”.
Por sua vez, o descanso passivo é recomendado em casos mais específicos, por exemplo, em pessoas que não gostem de treinar e que precisem de um dia de descanso com vista a um bem-estar mental. Para além disso, se se tratar de alguém que vive com momentos de stress ou com um elevado fluxo de trabalho, o descanso passivo pode ser importante para que o corpo descanse na totalidade.
É por estas razões que o personal trainer Daniel Silva aponta para a necessidade de avaliar cada caso de forma individual, para que a pessoa em questão possa ter o melhor acompanhamento possível sem colocar em causa o seu bem-estar físico e mental.























