A edição 25/26 da I Liga arranca esta sexta-feira com um embate entre Casa Pia e Sporting, um duelo entre dois emblemas lisboetas numa época em que a Associação de Futebol de Lisboa conta no escalão principal com nada mais, nada menos do que seis equipas. Algo que já não acontecia desde a longínqua temporada de 1951/52. Ou seja, há mais de 70 anos.
Para além de Casa Pia e Sporting, a AF Lisboa conta ainda com Benfica, Estoril, Estrela da Amadora e o recém-promvido Alverca, que anos depois regressa ao ‘convívio dos grandes’. Em 1951/52, a tal época em que se viu pela última vez tal cenário, a capital contava na primeira divisão com Atlético, Estoril, Belenenses, Oriental, Sporting e Benfica.
Estes números vêm comprovar o ressurgimento de Lisboa como polo central do principal campeonato nacional, depois de um período de bem menor fulgor há cerca de década e meia atrás. Em 2011/12, por exemplo, a AF Lisboa contava apenas com Benfica e Sporting no primeiro escalão…
Mais a sul, nada no horizonte
Se Lisboa cresce, o sul do país desaparece por completo da I Liga. Com a descida do Farense no final da época passada(a juntar à queda de emblemas como Portimonense ou Vitória de Setúbal nos últimos anos), não existe agora um único clube a sul do Tejo no escalão principal do futebol português. Algo que não sucedia desde 2003/2004.
O cenário era bem diferente do que se via em finais do século XX, quando com três emblemas da região sul, ou dos anos de 1970, quando a sul do Tejo chegaram a estar seis equipas no primeiro escalão em simultâneo.
Distribuição desigual
Com seis equipas, Lisboa domina assim o panorama, com um terço das equipas em prova. Mas onde encontramos as outras 12? O Minho, que há duas épocas era a região dominante, com seis equipas da AF Braga, vê-se agora ultrapassado pela capital. Ainda assim, mantém cinco emblemas: SC Braga, Vitória SC, Famalicão, Moreirense e Gil Vicente.
Segue-se, no ranking, a AF Porto, agora com apenas três emblemas: FC Porto, AVS e Rio Ave (depois da descida do Boavista).
Quer isto dizer que três associações (Lisboa, Braga e Porto) congregam 14 das 18 equipas da I Liga 25/26, numa distribuição extremamente desequilibrada
Depois, com um representante cada temos a AF Aveiro, que conta com o Arouca, que vai para a sua quinta época seguida no primeiro escalão, e a AF Viseu, que ressurge graças ao regresso do Tondela, campeão da II Liga em 24/25.
A ‘desertificação futebolística’ do interior é bem visível no mapa.
Ilhas resistem depois do regresso
Quanto às Ilhas da Madeira e dos Açores, continuam cada uma com um representante, depois de em 23/24 ambas as regiões autónomas terem ‘desaparecido do mapa’. Mas Nacional (AF Madeira) e Santa Clara (AF Ponta Delgada) subiram ao primeiro escalão em 24/25 e garantiram a manutenção (os açorianos até ganharam uma vaga na Europa).
Tempos houve em que a Madeira chegou a contar com três equipas em simultâneo no escalão principal (Marítimo, Nacional e União, o que sucedeu pela última vez há dez anos).
Alentejo e Beira Baixa há muito sem representantes
Há 15 distritos (ou associações de futebol): Angra do Heroísmo, Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro (AF Algarve), Guarda, Horta, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo e Vila Real.
O Alentejo segue sem representantes pela 25.ª temporada consecutiva (desde a descida do Campomaiorense em 2000/01). Mas, pior, está a região da Beira Baixa, que não tem uma equipa no escalão principal desde que o SC Covilhã deixou o convívio dos grandes pela última vez, em 1987/88.