Então comecemos nas contas: para Portugal se apurar para o Mundial 2026, terá, apenas e só, de vencer a Arménia no domingo. Ou, na impossibilidade de o fazer, esperar que a Hungria não vença a República da Irlanda em Budapeste ou, se os magiares vencerem, que seja por uma diferença inferior a três golos.
Há ainda outro cenário, de não vitória de Portugal e triunfo dos húngaros que apurará a seleção nacional como 1.º do Grupo F: a Hungria ganhar à Irlanda por três golos, mas ficar com menos golos marcados do que a seleção nacional (Portugal ganha no confronto direto).
Neste momento, Portugal lidera o Grupo F com 10 pontos, 11 golos marcados e seis sofridos (cinco golos positivos), contra oito da Hungria que é segunda, com nove golos marcados e sete sofridos (dois golos positivos).
FOTOS: O Irlanda-Portugal em imagens
Dispensando a calculadora, que nem devia ser chamada a esta conversa, se Portugal tivesse revolvido a questão em Alvalade (a ganhar 2-1 a Hungria, sofreu o empate nos descontos e falhou o apuramento direto), é hora de tentar perceber o que correu mal para a primeira derrota neste apuramento que arrancou de vento em popa, com três triunfos nos primeiros três jogos.
Começou por correr mal na escolha do onze: três médios de perfis muito idênticos, sem apostar em nenhum jogador capaz de desequilibrar no um para um nas alas. Pelo meio, impossível entrar, perante uma equipa que defendia em 5-3-2. Não havendo gente para gerar o espaço no um-contra-um, a Irlanda viu o jogo ir ter com as suas pretensões.
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Continuou a correr mal na incapacidade dos defensores em anular os dois homens mais adiantados da Irlanda (Finn Azaz era o médio que chegava mais vezes perto dos avançados). Parrott e Ogbene ganharam quase tudo à defesa de nacional.
Portugal, que já tinha sofrido três golos de cabeça nos dois jogos com a Hungria, um deles de canto, voltou a mostrar fragilidades no jogo aéreo. Dali surgiu o 1-0, após canto provocado desnecessariamente por Diogo Costa, onde é notória a falta de agressividade (João Félix nem se dignou saltar ao segundo poste para perturbar Sclales que assistiu Parrott para o 1-0, aos 17 minutos).
Incrível como, depois do 1-0, Portugal caiu no jogo, deu asas ao adversário e continuou a sofrer, mesmo com a Irlanda a atacar com poucos homens.
O descalabro continuou no descontrole emocional do capitão, expulso por agredir um adversário, no abusar de cruzamentos, mesmo a jogar com menos um, e na incapacidade de criar algo, a não ser de remates de fora da área. Foram 27 remates em todo o jogo, apenas cinco em direção à baliza. A Irlanda meteu qualidade os seus e marcou dois golos nos três remates enquadrados, num total de 14. Mas o facto de os irlandeses terem feito 14 remates demonstra também as fragilidades defensivas nacionais.
A Irlanda ganhou e ganhou bem, Portugal perdeu porque nunca esteve em condições de competir pelos três pontos. Ah, e Portugal continua sem vencer em casa da Irlanda em jogos a doer: dois empates e duas derrotas.
Momento-chave: Ronaldo expulso por agressão
O regresso após intervalo mostrava outro Portugal e começou com Vitinha a desperdiçar grande oportunidade. Até que, aos 58 minutos, Cristiano Ronaldo perdeu a cabeça e agrediu O’Shea. O árbitro até começou por dar-lhe amarelo mas, após rever a jogada no monitor depois do alerta do VAR, anulou o amarelo e expulsou o capitão com vermelho direto, o seu primeiro na seleção nacional, ao cabo de 226 jogos. Morria ali a reação de Portugal.
A figura: Um papagaio [Parrott ] que nunca se calou
Troy Parrott começou por castigar a falta de agressividade de Portugal na defesa da bola parada, no 1-0 aos 17 minutos, e completou a noite mágica aos 45, tirando partido da falta de agressividade de Gonçalo Inácio e do facto de Diogo Costa ter permitido que bola entrasse o poste que devia estar a proteger. 44 anos depois de Frank Stapleto ter marcado dois golos à Espanha (1982), um jogador irlandês bisa frente a uma seleção de topo mundial, segundo dados do ‘Playmakerstats’ do Zerozero.
Outros destaques
Ogbene fez o que quis da defesa de Portugal. Sozinho, criou muito do que foi o ataque da República da Irlanda, principalmente no primeiro tempo. A sua velocidade foi sempre um perigo para os defensores lusos. Atirou uma bola ao poste que Diogo Costa não conseguiria defender, se fosse mais dentro.
O guarda-redes Kelleher até teve uma primeira parte tranquila, já que os remates de Portugal ou acabavam nas pernas dos defensores irlandeses ou nas bancadas do Aviva Stadium. No segundo tempo foi chamado a intervir, curiosamente quando Portugal jogava com menos um. Negou o golo a Gonçalo Ramos com duas defesas, e outro a Ruben Neves, de longe. Ofensivamente, lançou muitas vezes os homens da frente desde a sua área com pontapés precisos, principalmente para Ogbene.
Reações
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