O empate entre SC Braga e Benfica (1-1), na última jornada da I Liga, não foi apenas o reflexo de um jogo equilibrado entre duas equipas com argumentos ofensivos. Foi também o espelho de um Benfica instável e de um Braga competitivo, que mesmo a jogar com menos um homem durante mais de 20 minutos, soube sofrer e resistir.
O jogo: pressão a apimentar
A equipa de Bruno Lage entrou melhor, com uma posse de bola mais intencional e uma presença ofensiva significativa nos primeiros minutos, sobretudo através de Pavlidis, muito ativo a explorar os espaços entre os centrais minhotos. No entanto, essa boa entrada perdeu gás à medida que o Braga começou a equilibrar as operações, ganhando mais duelos no meio-campo e, sobretudo, sendo mais eficaz nas transições ofensivas.
O penálti convertido por Zalazar acabou por mudar o equilíbrio emocional do jogo. O Benfica, que até aí parecia minimamente sereno, perdeu organização e clarividência. A circulação tornou-se mais lenta, as decisões precipitadas, e a ligação entre sectores quebrou. Schjelderup foi um dos exemplos dessa quebra, cometendo erros em zonas perigosas e com pouca influência no processo ofensivo.
Na segunda parte, e com a pressão do golo do Sporting a pesar ainda mais no subconsciente benfiquista, os encarnados voltaram a carregar. A entrada de Di María agitou o ataque, e o empate chegou com naturalidade, numa jogada de insistência e eficácia de Pavlidis, talvez o elemento mais consistente do Benfica em campo.
A expulsão de João Moutinho deixou o Braga em inferioridade, mas, mesmo assim, a equipa de Rui Duarte não se desorganizou. Pelo contrário: recuou, sim, mas fê-lo com disciplina, apostando numa estrutura coesa que obrigou o Benfica a recorrer a cruzamentos e remates de longe, quase sempre inofensivos.
No fundo, o jogo foi o reflexo de duas épocas: um Braga competitivo, com identidade mesmo em momentos difíceis; e um Benfica com talento, mas demasiado irregular, emocionalmente vulnerável e incapaz de se impor nos momentos decisivos.
O empate na Pedreira fechou a época com o mesmo sabor agridoce que marcou a caminhada das águias — entre promessas e frustrações.
Momento: o penálti que travou o ímpeto encarnado
O Benfica entrou com autoridade e podia ter marcado cedo, mas o penálti cometido por Tomás Araújo sobre Ricardo Horta virou por completo o rumo do jogo. Até então, os encarnados estavam por cima, com boas oportunidades e maior presença ofensiva. O golo de Zalazar destabilizou a equipa de Bruno Lage, que perdeu fluidez e clareza nas decisões. A partir daí, o Sp. Braga soube gerir melhor o jogo, aproveitando a vantagem e deixando o Benfica a correr atrás do prejuízo sem grande lucidez. Foi o momento-chave que quebrou o ímpeto encarnado.
O melhor: Pavlidis, o farol encarnado em Braga
Num jogo de alta exigência, Pavlidis voltou a destacar-se como o mais inconformado do Benfica. Desde o início de 2025, tem sido o jogador mais decisivo e, em Braga, voltou a mostrar porquê. Lutador incansável, o avançado grego foi muitas vezes obrigado a recuar no terreno para segurar a bola e dar fôlego à construção ofensiva da equipa. Aos 63 minutos, acabou por ser premiado com o golo do empate — um remate frio e certeiro, que confirmou, mais uma vez, a sua importância crescente no coletivo encarnado. Uma exibição de esforço, inteligência e classe.
O que disseram os treinadores:
Carlos Carvalhal, treinador do SC Braga
Bruno Lage, treinador do Benfica
O resumo