O Benfica foi até Trás-os-Montes para vencer o GD Chaves e rumar à quarta eliminatória da Taça de Portugal. O objetivo foi cumprido com um triunfo por 2-0, mas a exibição voltou a ficar aquém do desejado e os encarnados continuam a não impressionar. Em contrapartida, o Chaves enfrentou as águias ‘olhos nos olhos’ e não se inibiu de mudar a estratégia depois do golo sofrido aos 8′, tendo partido para a superioridade na 1.ª parte com várias oportunidades para chegar ao empate.
Contudo, o golo não apareceu e a segunda parte foi mais morna e menos intensa, com algum desgaste caseiro, promovendo o conforto no resultado ao Benfica, principalmente depois do bis de Pavlidis. Assim, as águias estão apuradas para a 4.ª eliminatória, onde vão encontrar o vencedor do duelo entre o Atlético, da Liga 3, e o Felgueiras, da II Liga.
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Inspiração grega e mérito flaviense
Ao contrário do que é habitual nesta fase da prova-rainha, foi a equipa de escalão inferior que mais mexeu na equipa. José Mourinho promoveu apenas três mexidas (Samuel Soares, Tomás Araújo e João Rego) contra as sete de Filipe Martins.
Com as mudanças no Benfica, a equipa encarnada apresentou-se num 4-3-3 com Rego no corredor esquerdo, Lukebakio no direito e Sudakov no meio, mas com várias alterações táticas na construção ao longo do encontro. A estratégia passou por tomar conta da posse de bola e procurar estender as alas até à linha lateral, de forma a criar espaços entre os defesas. Contudo, o plano não correu tão bem como no papel, uma vez que os laterais não colaboraram e o jogo interior praticamente não existiu.
No lado do Chaves, a equipa alinhou-se tal como se previa em 3-4-3 em momento ofensivo, mas com linhas muito baixas em momento defensivo (5-4-1). A organização compacta com muitos jogadores a defender e com o corredor central bem preenchido criou dificuldades aos encarnados.
Contudo, tudo mudou aos 8 minutos com um erro da defesa flaviense, que resultou num golaço de Pavlidis que deixou o Chaves à mercê de uma reação.
A estratégia já não podia ser a mesma com o golo sofrido e a equipa da casa subiu as linhas e pressionou numa zona mais adiantada no terreno. Corria o risco de ficar mais permeável no eixo defensivo com a hipótese de o Benfica explorar as costas dos defesas, mas o mesmo não se verificou. Em contrapartida, a pressão na saída de bola foi positiva porque colocou o Chaves na disputa de bola e do resultado.
As águias foram surpreendidas com vários lances de perigo e o Chaves podia mesmo ter chegado ao empate, até porque Samuel Soares não esteve nos seus dias e ia ‘oferecendo’ o golo ao adversário depois de três más saídas aéreas. Para além disso, a formação de Filipe Martins soube fechar bem os espaços e o Benfica teve muitas dificuldades em chegar ao último terço.
No segundo tempo, pouco mudou e as dificuldades mantiveram-se para ambas as equipas. O ritmo de jogo foi lento e sem grande intensidade, com exceção dos momentos de contra-ataque. As águias continuaram a não estar confortáveis com o poderio defensivo flaviense, mas conseguiu chegar ao golo em mais um belo momento de Pavlidis.
As mudanças no Benfica, nomeadamente com a entrada de Schjelderup, melhoraram o jogo da equipa e o ataque tornou-se mais fluído e algumas oportunidades foram criadas. Contudo, o Chaves punha muitos jogadores na área e Marko Gudzulic foi uma autêntica muralha na baliza.
Ainda assim, tudo culminou no 2-0 aos 79 minutos, por intermédio de Pavlidis que voltou a marcar em grande estilo. Com o golo, o Benfica tranquilizou e geriu o resultado, aproveitando algum desgaste do Chaves.
Nota para a entrada de Ivan Lima, em estreia pelo Benfica, aos 89 minutos.
Momento do jogo: Golo da tranquilidade
Se o primeiro golo do Pavlidis alterou a dinâmica do Chaves e provocou muitas dificuldades ao Benfica com uma maior intensidade dos flavienses, o segundo tento deu tranquilidade e colocou um ponto final na discussão do resultado. O golo surgiu a partir de mais um bom momento do avançado grego, que brilhou em mais uma partida encarnada, sendo determinante na vitória.
A Figura: Pavlidis
O avançado grego voltou a ser a grande figura do Benfica e a única com momentos de inspiração. Pavlidis mostrou que o instinto goleador vai estando afinado e a classe também com dois belos golos.
Apesar de ter tentado faturar mais vezes, o grego não desperdiçou as grandes oportunidades e conseguiu colocar o Benfica na frente. Tendo em conta as fracas exibições dos companheiros, a verdade é que foi novamente o avançado a oferecer uma vitória.
Outros destaques
João Rego (Benfica) – O jovem avançado teve a possibilidade de ser titular frente ao Chaves, mas não a aproveitou da melhor forma. Rego alinhou no corredor esquerdo e não foi eficaz nos momentos de desiquilíbrio, tendo-se mantido longe dos lances perigos encarnados. Por isto, a oportunidade não foi agarrada, de tal forma que saiu ao intervalo para a entrada de Schjelderup.
Samuel Soares (Benfica) – O guarda-redes foi pela primeira vez titular com José Mourinho ao leme e mostrou estar num dia ‘não’. Depois de provas dadas em encontros anteriores, Samuel Soares esteve aquém e com vários erros – e algum nervosismo à mistura – e podia ter comprometido o resultado às águias.
Schjelderup (Benfica) – O norueguês entrou para o lugar de João Rego ao intervalo e a evolução no Benfica foi notória. O jovem tem mais consistência do que Rego e tornou o lado esquerdo mais útil no momento ofensivo. Combinou bem com Dahl e as subidas no terreno foram mais perigosas.
Marko Gudzulic (GD Chaves) – O guarda-redes flaviense foi a grande figura da equipa da casa com vários golos negados aos encarnados. Tanto na 1.ª parte como na 2.ª, o sérvio mostrou as garras com boas intervenções e foi uma muralha necessária. Negou o golo por duas vezes a Lukebakio, bem como a Enzo e também Pavlidis.
Reações
José Mourinho e o triunfo frente ao Chaves: “Esperava um bocadinho mais hoje”
Pavlidis: “Não foi a melhor exibição, mas foi boa. Ainda temos de evoluir em muitas coisas”