O Benfica alega que não foi pentacampeão nacional de futebol devido ao ataque de Rui Pinto ao seu sistema informático, entre 2015 e 2019. O criador do ‘Football Leaks’ está a responder por 201 crimes de acesso ilegítimo, algo que a sua defesa alega já ter sido julgado.
“O Benfica alega que não foi pentacampeão devido a um estado de ansiedade dos jogadores e da estrutura. Os futebolistas lidam semanalmente com a pressão dos milhares de adeptos em estádios ou redes sociais, lesões e problemas familiares. Agora, quer-se convencer este tribunal que os jogadores do Benfica não rendiam dentro de campo devido a isto. Isto é ridicularizar os próprios atletas”, disse, em tribunal, Luísa Teixeira da Mota, advogada do pirata informático.
A advogada recordou entrevistas antigas de Rui Vitória, treinador do Benfica à data dos factos, que, questionado sobre o tema, disse “nunca foi tema de conversa” no balneário. Também recentemente, Luís Filipe Vieira, ex-presidente do clube, disse à TVI que um golo sofrido aos 90 minutos foi a razão da perda do campeonato.
“O Benfica teve menos um ponto nessa época, em relação à época anterior. Foi uma diferença mínima, nem sequer piorou. Esta ideia de que o clube colapsou é só ficção dramática”, concluiu Luísa Teixeira da Mota, recordando ainda que o Benfica não perdeu patrocínios.
Citada pela Lusa, Luísa Teixeira da Mota criticou o sistema judicial, que “é duro com quem denuncia e tolerante com quem é denunciado”.
“Punir de forma agravada alguém que expôs crimes, mesmo obtendo informação por meios ilícitos, transmite uma mensagem ambígua à sociedade. O sistema é duro com quem denuncia e tolerante com quem é denunciado. Esta inversão não serve a justiça e a sociedade. A defesa de Rui Pinto não pede que o vejam como um herói, vítima ou santo. Cometeu atos que violam a lei penal e merece resposta jurídica. Apenas se pede que ele seja julgado com equilíbrio e justiça”, sentenciou.
Rui Pinto está a ser julgado por 241 crimes: 201 de acesso ilegítimo qualificado, 22 de violação de correspondência agravados e 18 de dano informático.
De recordar que o criador do ‘Football Leaks’ foi condenado, em setembro de 2023, pelo Juízo Central Criminal de Lisboa, a quatro anos de prisão com pena suspensa, por crimes de extorsão na forma tentada, violação de correspondência agravada e acesso ilegítimo.