O Benfica acaba de confirmar a contratação de José Mourinho. O técnico português de 62 anos vem substituir Bruno Lage, demitido nas primeiras horas de quarta-feira, após a derrota do Benfica em casa frente ao Qarabag, na 1.ª ronda da Liga dos Campeões.
Mourinho foi apresentado esta quinta-feira, tendo assinado com os encarnados por duas temporadas, e chega com a missão de resgatar o Benfica animicamente.
“A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD (“Benfica SAD”) informa que chegou a acordo com o treinador José Mário dos Santos Mourinho Félix para a celebração de um contrato de trabalho desportivo para vigorar até ao final da época desportiva 2026/27.
Mais se informa que, 10 dias após o último jogo da época desportiva 2025/26, nas mesmas condições, tanto a Benfica SAD como o treinador poderão optar por não dar continuidade ao contrato para a época desportiva 2026/27″, pode ler-se no comunicado enviado pelos encarnados à CMVM.
O objetivo passa por vencer os títulos em Portugal e levar os Encarnados, no mínimo, aos oitavos de final da Liga dos Campeões. Esta segunda missão será complicada, já que o Benfica terá como adversários Chelsea, Newcastle, Ajax e Juventus fora de portas e Real Madrid, Nápoles e Bayer Leverkusen em casa.
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O Benfica será 10.º clube orientado por Mourinho, curiosamente onde fez a sua estreia como técnico principal na época 2000/01.
Nos 25 anos de carreira, o técnico de 62 anos, natural de Setúbal, soma 26 títulos, incluindo duas Ligas dos Campeões, com FC Porto e Inter Milão. Venceu títulos em Portugal, Espanha, Itália e Inglaterra, e só não ganhou na Turquia.
No entanto, também acumulou vários despedimentos, mais concretamente sete, pelos clubes onde passou.
Ao todo, orientou dez clubes a nível sénior: Benfica (duas ocasiões), União de Leiria, FC Porto, Chelsea (duas ocasiões), Inter Milão, Real Madrid, Manchester United, Tottenham, AS Roma.
Mourinho no Benfica à procura da felicidade na casa de partida
Foi no Benfica que José Mourinho lançou a sua carreira de treinador, pelas mãos de João Vale e Azevedo. Em setembro de 2000, o então presidente Encarnado apostou num jovem português que era adjunto de Louis Van Gaal no Barcelona, cargo que já tinha tido no clube catalão, no FC Porto e no Sporting ao lado do malogrado Boby Robson.
O início foi atribulado, já que o Benfica estava em campanha eleitoral, tal como agora. Na altura, Manuel Vilarinho, que viria a ganhar as eleições, deixou claro que o seu treinador seria Toni e não Mourinho.
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O jovem técnico ocupou o cargo que era de Jupp Heynckes, alemão que saiu por motivos pessoais. Arrancou com uma derrota no Bessa frente ao Boavista e apenas duraria 11 jogos (somou seis vitórias, três empates e duas derrotas, 17 golos marcados e nove sofridos). Depois de quatro triunfos seguidos, o último diante do Sporting por 3-0, pediu ao recém-eleito presidente Manuel Vilarinho condições para continuar, estas foram negadas e Mourinho saiu, para assinar pouco depois com a União de Leiria.
Guiaria os leirienses até ao 5.º posto, à frente do Benfica por dois pontos. O malogrado Pinto da Costa, sempre astuto, foi busca-lo para o FC Porto, clube onde Mourinho se deu a conhecer ao mundo com os títulos conquistados. Chegou a meio da época 2001/02, para o lugar de Otávio Machado.
De Leiria levou Nuno Valente, Derlei e Maciel para o FC Porto, para construir uma das mais entusiasmantes equipas portistas nos últimos anos. Ali, venceu dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal, uma Supertaça, uma Taça UEFA em 2022/23 frente ao Celtic (3-2, após prolongamento) em Sevilha, na última edição do troféu, antes de passar à Liga Europa. Conquistou também a Liga dos Campeões pelos Dragões, a única equipa fora dos ‘big-5’ a vencer a Liga Milionária.
Do Dragão para ser o ‘Special One’ em Inglaterra e ‘Il Speciale’ em Itália
Seguiu-se a aventura em Inglaterra, onde ganhou a alcunha de ‘Special One‘. Falhou na missão de conquistar a Champions pelo Chelsea, mas os londrinos ganharam estatuto com ele, além de os guiar à conquista de três Premier Leagues, uma Taça de Inglaterra e duas Supertaças nas duas passagens por Stamford Bridge (três épocas e oito jogos, entre 2004 e 2007 e duas épocas e meia entre 2014 e 2016).
A Champions não chegou no Chelsea, mas chegaria no Inter Milão. Entre 2008/09 e 2009/10, Mourinho conduziu o Inter Milão à conquista de dois títulos italianos (2008/09 e 2009/10) e uma Liga dos Campeões, em 2010, que escapava ao clube de Milão há 45 anos. O treinador português ergueu ainda uma Taça de Itália (2009/10) e uma Supertaça transalpina (2008/09) com os ‘nerazzurri’.
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Florentino Pérez viu nele o homem certo para comandar o Real Madrid, a seguir a 2010. A sua passagem em Espanha coincidiu com o melhor Barcelona da história, guiado por Pep Guardiola, técnico com quem travou imensas batalhas épocas.
Na altura, o mundo parava para ver os clássicos entre Barça e Real, por culpa dos técnicos, mas também de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, que estavam no auge. Na capital merengue venceu um campeonato, uma Taça e uma Supertaça em três épocas.
Quatro títulos no Manchester United
Após o segundo despedimento na segunda passagem pelo Chelsea, o Special One mudou-se para o Manchester United, com a missão de colocar o gigante de Manchester na rota dos títulos, algo perdido com a saída de Sir Alex Ferguson. Duas épocas e meia depois, seria despedido. Saiu com um vice-campeonato inglês, uma Liga Europa, uma Taça da Liga e duas Taças de Inglaterra.
A aventura seguinte, no Tottenham, durou uma época e meia, antes de novo despedimento. Na Roma, seriam três temporadas e meia, onde o melhor que conseguiu foi a conquista da Liga Conferência, o que lhe permitiu tornar-se no primeiro treinador a erguer as três taças continentais de clubes, depois da Liga dos Campeões, em 2003/04 e 2009/10, e da Liga Europa, em 2002/03 e 2016/17.
No Fenerbahçe durou uma época e seis jogos desta temporada, antes de novo despedimento.
Agora regressa a Portugal e ao Benfica, para treinar os Encarnados, 25 anos depois. As condições são outras no Benfica, mas este também já não é o Mourinho que deixou o FC Porto em 2004. O português não é campeão há dez anos (o último foi no Chelsea).
Conseguirá o ‘Special One’ levar os Encarnados aos títulos? O primeiro passo será criar uma equipa, com jogadores que não foram escolhidos por si.