As voltas que o Mundo dá. As coincidências. A história não se repete no futebol? Cabo Verde vai dizendo-nos que não é bem assim.
Há precisamente 13 anos, em 2012, sem tirar nem pôr mais um dia, Cabo Verde dava um passo importante rumo à sua primeira participação numa fase final de um Campeonato Africano de futebol. O adversário? Os Camarões, tal como hoje. O dia? Um 09 de setembro, tal como hoje. E como estava o tempo? Chovia a potes na Cidade da Praia, tal como hoje. A abençoada chuva, que quando cai nas 10 ilhas do arquipélago, ou é para a desgraça, como se viu recentemente em São Vicente, ou é para levar ao povo das ilhas.
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Nessa ocasião, os golos do central Ricardo e do avançado Djaniny ajudaram os homens de Lúcio Antunes a vencer para depois, na capital camaronesa, um golo de livre de Héldon Ramos colocar os Tubarões Azuis numa CAN pela primeira vez (derrota 1-2).
Esta tarde, no Estádio Nacional de Cabo Verde, no Monte Vaca, uma vitória deixaria os homens de Bubista com um pé e meio no Mundial 2026. O feito, perseguido há muito tempo por este pequeno país de pouco mais de 500 mil habitantes, nunca este tão perto. Com mais um ponto que os Camarões e a faltar dois jogos para o final, uma vitória colocaria os homens de Pedro Brito ‘Bubista’ com quatro pontos de vantagem, antes da viagem até Trípoli para defrontar a Líbia. Cabo Verde fecha a fase de grupos em casa com Esswatini.
Com o estádio quase cheio (o Governo cabo-verdiano concedeu tolerância de ponto aos trabalhadores para a tarde para que pudessem ir ver o jogo), como há muito não se via, os Tubarões Azuis entraram personalizados, com Jovane Cabral, Ryan Mendes e Telmo Arcanjo (jogador do Vitória de Guimarães) a dar nas vistas.
Aos seis minutos, Dailon Livramento fugiu pela esquerda, entrou na área e disparou cruzado, para grande defesa de Andre Onana, guarda-redes do Manchester United que está de partida para a Turquia. Dois minutos depois, Jovane Cabral (joga no Estrela da Amadora) caiu na área e pediu penálti, mas o árbitro mandou seguir. Não havia falta sobre o ex-Sporting.
Os Camarões pareciam satisfeitos com o empate. Mas foram crescendo no jogo, com MBeumo e Anguissa a dar nas vistas. Sairia da cabeça do médio do Nápoles a primeira oportunidade de golo dos Leões Indomáveis: centro de Georges-Kevin N’Koudou para desvio de cabeça de Anguissa que Vozinha agarrou em cima da linha.
No segundo tempo, chegou o grande momento da tarde. Dailon Livramento ganhou a bola a meio-campo, disparou em velocidade em direção à área de Onana, deixando três adversários para trás antes de atirar para o fundo das redes. Impressionante a velocidade do avançado que joga no Casa Pia, por empréstimo do Hellas Verona.
Os Camarões sentiram o tento e foram à procura da igualdade. Cabo Verde, por sua vez, reforçou o seu meio-campo, refrescou a frente de ataque e passou a defender a vantagem com tudo, sem nunca descurar o contra-ataque.
O selecionador dos Camarões, o belga Marc Brys, apostou no ex-portista Danny Namaso, mas também em Bassogog e Magri para a frente, na tentativa de inverter as coisas. Bubista lançou Jamiro Monteiro, Alisson Tavares, Willy Semedo, Hélio Varela e Heriberto Tavares ao longo do jogo.
Com tudo no ataque, os Camarões não mostraram muito, face a aguerrida defensiva crioula. Quando conseguiam passar pela defesa, lá estava Vozinha a defender tudo.
No contra-ataque, Cabo Verde podia ter fechado o jogo. Onana evitou o golo de Jamiro Monteiro com uma grande defesa, na recarga Willy Semedo atirou às malhas laterais, quando estava sozinho.