Salvo se um desempenho excecional além-fronteiras ditar a conquista de uma vaga extra, voltarão a ser cinco as vagas europeias destinadas às equipas portuguesas nas competições de clubes da UEFA de 26/27, com Portugal a continuar a figurar no sétimo lugar do ranking da UEFA.
Portugal voltará a ter direito a um lugar direto na fase de liga da Liga dos Campeões (para o campeão), um lugar na 3.ª pré-eliminatória (para o vice-campeão), uma vaga direta na fase de liga da Liga Europa (para o vencedor da Taça ou para o 3.º classificado do campeonato se a Taça for ganha por um dos dois primeiros), uma vaga nas pré-eliminatórias da Liga Europa (para o 4.º classificado, ou para o 3.º se o vencedor da Taça for uma equipa sem acesso à Champions) e uma vaga nas pré-eliminatórias da Liga Conferência (para o quinto classificado, ou para o 4.º se o vencedor da Taça for uma equipa sem acesso à Champions).*
Assim, e partindo do princípio de que, tal como vem sucedendo quase sempre nas últimas temporadas, Sporting, Benfica, FC Porto e SC Braga acabarão, com maior ou menos dificuldade, por terminar nos quatro primeiros lugares da tabela, sobra uma vaga (aquela que em 24/25 foi garantida pelo Santa Clara). Quem irá lutar por ela?
Vitória SC, o eterno candidato europeu
O Vitória SC fez história na Liga Conferência da UEFA no que a equipas portuguesas diz respeito, apurando-se para a fase de liga e ultrapassando essa fase da prova, mas acabou depois por falhar a qualificação para as competições europeias, das quais vai assim estar ausente em 25/26, ao ficar no 6.º lugar da I Liga 24/25, atrás do Santa Clara.
Mas os vimaranenses, mais do que estabelecidos no escalão principal (depois da breve e inesperada descida a meio da primeira década do século XXI), são eternos candidatos ao apuramento para as competições europeias de clubes (ao todo, na sua história, já superam as duas dezenas de presenças em diferentes edições de provas da UEFA).
$$caption$$
Para este ano, o Vitória SC conta com um novo treinador, o jovem Luís Pinto (que na época levou o Tondela ao título na II Liga e à subida ao escalão principal), sucessor de Luís Freire (após o falhanço da qualificação europeia, numa temporada em que também Rui Borges e Daniel Sousa passaram pelo leme da equipa).
Luís Pinto vai, ao que tudo indica, apostar num 3-4-3 e conta com 15 jogadores que permanecem em Guimarães em relação à temporada passada, entre eles os médios Tiago Silva e Tomás Händel, que tão boa conta de si têm dado nos últimos tempos. O segundo vai mesmo passar a envergar a braçadeira de capitão.
A eles juntam-se dez reforços, com destaque para o experiente defesa Rodrigo Abascal, ex-Boavista, e para o jovem extremo espanhol Fabio Blanco. Em sentido inverso, o guarda-redes Bruno Varela vai rumar a outras paragens. Os defesas Filipe Relvas, Mikel Villanueva e Bruno Gaspar também partem, tal como o médio João Mendes, peça importante da equipa nas últimas duas temporadas.
Santa Clara tenta repetir feito
Foi verdadeiramente de sonho o regresso do Santa Clara à I Liga, na temporada passada, culminado com um notável quinto lugar e a segunda qualificação europeia da história do conjunto açoriano.
Para já, continuando sob as ordens de Vasco Matos, o Santa Clara já ultrapassou a segunda pré-eliminatória da Liga Conferência e continua a acreditar na presença da fase de liga da prova.
Resta saber se no campeonato, passado o efeito surpresa de ‘equipa sensação’ da época passada, conseguirá repetir a brilhante temporada realizada. Para cumprir tal objetivo, chegaram oito reforços: Lara, Brenner, Carter, Ageu e Miguel Pires (todos ex-Alverca), Paulo Victor (ex-Farense), Henrique Pereira (ex-Benfica) e Elias Manoel (ex-Botafogo).
Contudo, saíram seis jogadores, entre eles Ricardinho, uma das figuras da equipa na época passada, que se mudou para o Juárez, do México.
$$caption-2$$
Famalicão, Estoril, Casa Pia, Arouca e Rio Ave a correr por fora?
O equilíbrio a partir do 6.º ou 7.º lugar da tabela costuma ser a nota dominante na I Liga, com a maior parte das equipas a começarem a época com a manutenção como primeiro objetivo e, depois, ‘logo se vê’.
Uma boa primeira volta, por vezes, catapulta equipas apontadas como destinadas à luta pela permanência para a corrida a um lugar europeu. Um lugar europeu que equipas como Famalicão, Estoril e Casa Pia chegaram, na temporada passada, a ‘namorar’, sem nunca o assumirem.
Os famalicenses foram sétimos, os canarinhos oitavos e os gansos nonos em 2024/25.
O Famalicão nunca se apurou para as provas europeias, mas vai para a sua sétima época consecutiva entre os ‘grandes’ e parece ter uma estrutura suficientemente consolidada para ter uma época livre de sobressaltos que lhe permita, depois, sonhar com a Europa.
O Estoril mantém o mesmo treinador, o escocês Ian Cathro, às ordens de quem praticaram um futebol atrativo em 24/25, e se entrarem com o pé direito na temporada – algo que não aconteceu há um ano – poderão tentar repetir os apuramentos europeus de 2013/14 e 2014/15.
$$caption-3$$
À procura da primeira qualificação europeia vai estar o Casa Pia. Os gansos voltaram à I Liga em 22/23 e têm mostrado uma solidez que talvez poucos esperassem. Terminaram sempre a meio da tabela, sem grandes sobressaltos e, mantendo igualmente o mesmo treinador, o também jovem João Pereira, poderão esta época assumir-se como candidatos a uma vaga na Europa.
Mais abaixo temos Arouca e Rio Ave. Ambos tiveram épocas menos conseguidas em 24/25, mas são já presenças firmes na I Liga e ambos sabem o que é jogar as provas europeias.
Os arouquenses vão para a quinta época seguida na I Liga e já contam na sua história com dois apuramentos europeus. Ao seu leme segue Vasco Seabra. Quanto ao Rio Ave, teve há poucas épocas um percalço – com a descida de divisão 20/21, mas depressa regressou ao escalão principal e tem no seu palmarés já quatro presenças europeias. Como treinador terá, esta época, uma incógnita: o grego Sotiris Silaidopoulos, antigo treinador adjunto do Olympiacos.
*Este cenário poderá sofrer ligeiras alterações mediante um grande desempenho europeu dos clubes portugueses em 25/26 ou ao país e classificação interna das equipas que ganhem as várias provas europeias)