Na entrevista exclusiva que concedeu ao Sportinforma, Cristóvão Carvalho explicou-nos melhor o projeto com o qual se candidata à presidência do Benfica. Um projeto a 12 anos, avaliado pelos sócios a cada quatro, no qual está sublinhada a importância da vertente financeira para que o clube possa prosperar na vertente desportiva.
Uma vertente desportiva onde o objetivo passa por tornar o Benfica “esmagador” a nível interno e trilhar progressivamente o caminho para um título europeu que, garante, chegará no prazo máximo de uma década. Mas, para já, o primeiro objetivo é o de ser campeão nacional já nesta época e, assim, travar o ciclo do rival Sporting.
“Quando estamos por dentro do Benfica, como eu vivi estes últimos anos, temos um conhecimento mais profundo do clube, porque nos interessamos. Interessamo-nos pelas contas do clube e pelos resultados desportivos, não é? Porque é isso que alimenta, de facto, a nossa emoção. Mas temos de olhar para as contas e perceber se existe sustentabilidade. E houve uma altura em que vi o Benfica entrar num caminho que me assusta”, começa por salientar.
“O clube está claramente a entrar numa derrapagem financeira perigosíssima e há uma ausência de resultados desportivos. Por isso formou-se um grupo, com mais pessoas, fomos à procura de um nome para encabeçar este projeto de resgatar o Benfica e para o Benfica ir para o sítio certo. Aí surge o meu nome, acharam que eu reunia essas qualidades, como pessoa, como advogado e como consultor internacional. Eu senti que tenho condições e este é o caminho que eu segui e sinto que com a equipa que tenho sei que posso dar a volta ao momento extremamente difícil que o Benfica vive”, acrescenta.
Mas quais são, então, as linhas que estão na base do projeto de Cristóvão Carvalho se vier a assumir a presidência do Benfica?
“Vou explicar aos sócios o que vou fazer, alicerçado em dois pilares fundamentais: um é o pilar financeiro. Primeiro temos de ter sustentabilidade financeira. O Benfica não pode continuar a ter uma dívida do tamanho que tem, pagar uns juros descontroláveis e depois não capitalizar em resultados desportivos. O Benfica, nos últimos, no mandato de Rui Costa, duplicou a dívida bancária. O Benfica devia 100 milhões de euros, agora deve 200 milhões de euros. Só de dívida bancária, fora a restante dívida. Isto é insustentável”, aponta.
“Estão a ser cometidos demasiados erros, nomeadamente no que toca a receitas, no que toca à estratégia que o Benfica está a usar para os direitos televisivos, na estratégia que o Benfica está a usar para a Champions, na estratégia que o Benfica está a usar para evitar a venda dos melhores jogadores…É uma loucura. É de quem não conhece as contas. O Benfica está claramente em perigo“, alerta.
“Há algumas coisas que devem ser ditas aos sócios com rodeios e sem franquezas e assumindo-as com toda a clareza. Uma delas é o Benfica tem um problema financeiro muito grave. Muitos benfiquistas acham que o Benfica é uma máquina de fazer dinheiro e que está tudo bem. É verdade que o Benfica é uma máquina de fazer dinheiro, mas é uma máquina muito mais forte de gastar dinheiro. Esse é um dos problemas. O Benfica não tem dinheiro para o dia-a-dia. O Benfica tem muito património, muitos ativos, mas não tem dinheiro”, reforça.
“Em Portugal nós temos de ganhar três títulos em cada quatro”
“Depois desse problema estar resolvido, então vai-se resolver o problema desportivo. E aí, qual é o meu projeto? É um projeto que é diferente de todos os outros. Eu defendo o Benfica Europeu. O meu projeto é um projeto a 12 anos e em 12 anos o Benfica tem de ganhar no mínimo uma Champions“, salienta. “Este é o objetivo. O meu projeto está preparado para, quer a nível de treinador, quer a nível de diretor desportivo, quer a nível de administrador da SAD, montar uma equipa para rapidamente estar preparada para todos os anos estarmos a jogar quartos-finais e meias-finais da Champions“, explica.
“A partir daí até à final, vai ser um ano que vamos lá e esse ano temos de ganhar. Temos de acabar definitivamente com aquela maldade que Bela Guttman não nos fez”, conclui. “O meu projeto é um projeto europeu. Montar uma equipa europeia. Porque o Benfica em Portugal tem de ser esmagador, face à grandeza do clube. Em Portugal nós temos de ganhar três títulos em cada quatro“, sublinha.
“Temos de ambicionar estar ali. E se nós tivermos isto num projeto de 12 anos, é perfeitamente possível. E a cada quatro anos. Os sócios decidem se eu estou a fazer bem ou se eu estou a fazer mal. Qualquer projeto que se venda no Benfica tem de ser um projeto de 12 anos. Ninguém pensa em projetos a quatro anos. Portanto, muito me estranha que os outros candidatos apresentem projetos a quatro anos. Qualquer dia apresenta um projeto num fim de semana.”, aponta.
“É fundamental para o Benfica, na próxima época, ser campeão nacional. E o meu foco na próxima época é só sermos campeões nacionais. Temos de interromper o ciclo do nosso rival“, sublinha ainda.
“Daqui a cinco, vejo o Benfica já muito melhor, muito mais forte e completamente esmagador a nível nacional. E é isso que irá acontecer em cinco anos. E, digo-o com toda a clareza, daqui a dez anos, vejo o Benfica campeão europeu. Não tenho dúvidas nenhumas disso. O Benfica será campeão europeu. E eu estarei lá”, assegura.