Oito golos, caos e incerteza no resultado até ao final. O jogo entre FC Porto e Al Ahly teve todos os ingredientes de um grande espetáculo, pelo menos do ponto de vista do adepto imparcial.
Lá dentro estiveram duas equipas que precisavam de vencer e que fizeram tudo para o conseguir, mas esqueceram-se que é também com defesas sólidas que se alcançam vitórias.
O Al Ahly entrou mais enérgico na partida e empurrou o FC Porto para o seu último terço, culminando esse domínio com o primeiro golo do jogo logo aos 15 minutos.
Os dragões conseguiram reagir por Rodrigo Mora, com um golo bem ao seu estilo, lançando o mote da linha condutora da partida: FC Porto sempre a correr atrás.
Foi isso que os azuis e brancos fizeram durante praticamente todo o jogo. Depois de ir para o intervalo a perder por 2-1, os portistas empataram, mas nem tiveram tempo de festejar, pois, num pestanejar, estavam novamente em desvantagem.
Novo golo, nova resposta, agora por Samu; o ataque azul e branco tentava remediar o caos e os variadíssimos erros da retaguarda, onde apenas Cláudio Ramos e Marcano mostravam acerto.
A reta final do encontro brindou-nos com um autêntico futebol de rua, daqueles que jogamos com os amigos ao final do dia. Foco na baliza, ninguém defende, todos atacam; um gosto para os amantes do golo, um pesadelo para qualquer treinador.
No final, apenas a desinspiração ofensiva dos egípcios evitou que o FC Porto terminasse o seu caminho no Mundial de Clubes com nova derrota, tantas e tão boas que foram as oportunidades desperdiçadas pelo Al Ahly.
Os dragões despedem-se do Campeonato do Mundo de Clubes com dois empates e uma derrota.
A figura: William Gomes onde andavas tu?
Uma das alterações de Anselmi no onze inicial promoveu a estreia de William Gomes como titular no FC Porto e o brasileiro não desiludiu.
O extremo mostrou ser dos mais consistentes ao longo da partida, procurando frequentemente furar pela esquerda e causar desiquilíbrios através da sua velocidade e capacidade técnica.
Nos momentos de maior aperto, o número ‘7’ foi sempre um dos mais inconformados, coroando a sua exibição com um excelente golo de fora da área. Foi claramente quem melhor aproveitou a oportunidade e fez por merecer mais minutos.
Outras figuras: Cláudio Ramos e Marcano evitam o descalabro
Num jogo onde o desacerto defensivo foi praticamente uma constante, houve dois elementos que da linha recuada que, mesmo assim, se conseguiram destacar pela positiva.
Neste caso específico não é possível dissociar as exibições de Cláudio Ramos e Iván Marcano. Guarda-redes e central foram absolutamente nucleares na altura em que o caos imperava e o FC Porto era atacado frequentemente e de todos os lados.
Houve desacerto na hora de finalizar por parte dos avançados do Al Ahly? Sem a menor dúvida, mas quando a mira estava afinada, Ramos e Marcano surgiram como barreira final e, pelo menos nos minutos finais, inultrapassável.
Momento: Um arco de S.João
O FC Porto começara a segunda parte em desvantagem e disposto a dar a volta à situação; aos 50 minutos, William Gomes recebe na esquerda do recém-entrado Gonçalo Borges, flete para o meio, e remata forte e em arco, para um dos melhores golos da noite.