Não se sabe se por falta de entrosamento, se pelo calor que se fazia sentir no Algarve, se por estarmos ainda em modo pré-época e os jogadores com as pernas cansadas, ou se foi o somatório disto tudo, a verdade é que o dérbi na Supertaça de Portugal (Sporting 0-1 Benfica) não convenceu.
Houve coração, aqui e ali, alguma vontade em vencer, mas pouco futebol. A bola andou quase sempre longe das duas balizas, como mostram os cinco remates enquadrados em mais de 90 minutos de futebol. O Benfica teve um aproveitamento de 50 por cento já que dos seus dois remates enquadrados, ambos de Pavlidis, um entrou. Os três do Sporting terminaram nas mãos de Trubin.
Fotos: as melhores imagens do Sporting-Benfica
Logo nos primeiros minutos ficou a ideia de que marcasse, estaria mais perto de levantar o troféu já que a falta de criatividade nas duas equipas era notória. E até tinha começado bem, com Pote a inaugurar o marcador aos cinco minutos. Golo anulado por fora de jogo de poucos centímetros de Harder, no momento da desmarcação.
Bruno Lage surpreendeu ao entrar com quatro médios, com destaque para as estreias oficiais de Enzo Barrenechea, Richardo Rios e Dedic. Sem um criativo no onze, a equipa viveu muito do que Pavlidis conseguiu arrancar à defesa do Sporting, de alguns duelos ganhos por Richard Rios, mal na primeira parte, mas a subir de produção no segundo tempo.
O Sporting destacava-se ofensivamente do que Trincão produzia, mas também de Geny Catamo, muito interventivo no primeiro tempo.
Na frente, já se viu que os Leões têm um problema: ou Luis Suárez adapta-se rapidamente à equipa para ser titular e ajudar a esquecer Gyokeres, ou haverá problemas. Conrad Harder mostrou que não está preparado para liderar o ataque leonino. Tecnicamente deixou a desejar, e taticamente, na escolha dos momentos e dos caminhos por onde se desmarcar em lances de contra-ataque, não tomou as melhores opções.
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A perder, esperava-se que Rui Borges fosse mais ambicioso nas trocas mas, as substituições foram quase todas de peças por peças, sem arriscar muito. O Sporting nem conseguiu fazer tremer o Benfica nos minutos finais.
A vitória é uma espécie de vingança do Benfica, pela forma como perdeu a Taça de Portugal para este mesmo Sporting em maio, num jogo que os encarnados venciam aos 90+10.
A terminar, alguns dados interessantes, à boleia do Playmakerstats: o Benfica interrompeu uma série de sete jogos sem ganhar ao Sporting no tempo regulamentar (a sua pior série de jogos); o Benfica chegou aos 87 troféus e voltou a descolar-se do FC Porto (86); o último clube que tinha feito a dobradinha e falhado a conquista da Supertaça tinha sido o FC Porto, em 1988 (há 37 anos); Há nove anos que o vencedor da Supertaça não conquista o campeonato nessa temporada (o último foi Rui Vitória, com o Benfica, na época 2016/17), pelo que o Benfica de Lage terá a tarefa de derrubar este dado estatístico.
A figura: Pavlidis decide e leva prémio de Melhor em Campo
Vangelis Pavlidis foi melhor do Benfica no primeiro tempo, principalmente pela forma como recuava para vir buscar jogo, arrastando marcações. Deu muito trabalho a Diomande e respondeu positivamente sempre que solicitado. Os dois remates enquadrados do Benfica no jogo são dele, tal como o único golo do jogo, que teve a colaboração involuntária de Rui Silva.
Foi o primeiro golo do grego ao Sporting ao cabo de cinco jogos.
Outros destaques: Rios em crescendo, Trincão contra a maré e Rui Silva ‘mãos de manteiga’
Richard Rios começou mal, a não decidir da melhor forma algumas jogadas no primeiro tempo, mas cresceu no segundo tempo, principalmente na luta pela bola, conquistando sete faltas e vencendo 13 dos 17 duelos que disputou. É dele o passe longo para Pavidis, na origem do 1-0.
Francisco Trincão foi dos melhores do Sporting. A jogar muitas vezes em zonas interiores atrás de Harder em vez de estar na ala esquerda, foi dos que mais tentou. No segundo tempo perdeu tempo de remate, numa bola na área do Benfica e foi desarmado e depois deixou Trubin com as luvas a arder, num remate potente de fora da área.
Numa Supertaça que podia ser decidido pelos guarda-redes, tal como antevemos na tarde de quarta-feira, Rui Silva acabou por ser decisivo… pela negativa. Cometeu um erro gigante na abordagem ao remate de Pavlidis, ao tentar agarrar a bola em vez de socar ou afastar com uma palmada, e deixou esta escapar por entre as luvas para dentro da baliza. Um pormenor que decidiu o jogo.
Reações:
Bruno Lage responde com ironia a Rui Borges: “Na Taça, o Sporting foi superior e aqui também foi”
Pavlidis já pensa no próximo objetivo: “O Benfica tem de estar na Liga dos Campeões”
Rui Borges e a derrota com o Benfica: “Fomos claramente superiores a todos os níveis”