A decisão das decisões vai acontecer este domingo, a partir das 17 horas. Inglaterra e Espanha vão medir forças no St. Jakob-Park, em Basileia, no jogo que vai marcar a final do Europeu feminino. De um lado, as ‘lionesses’ querem revalidar o título europeu e conquistar o ‘bi’, depois de o terem vencido em 2022. Do outro lado, está a ‘la roja’ que se qualificou pela primeira vez para a final do Campeonato da Europa.
O caminho até à grande final foi diferente para cada uma das seleções, tendo existido quem tenha tido um percurso mais atribulado e quem tenha primado pela tranquilidade.
Inglaterra não conseguiu ser invicta na fase de grupos e começou da pior forma, mas encarrilou nas vitórias e seguiram-se tempos melhores daí em diante. Na fase a eliminar, a estrela de campeã apareceu, mas também as suplentes de luxo que brilharam na equipa de Sarina Wiegman.
Já Espanha teve o percurso oposto. A fase de grupos foi avassaladora com três vitórias esclarecedoras e um total de 14 golos marcados, tendo atingido o recorde das inglesas em 2022 como seleção com mais golos nessa fase, mas a primeira seleção não anfitriã a consegui-lo. No entanto, a fase a eliminar não correu da mesma maneira com várias dificuldades ao nível da eficácia e soluções ofensivas, apesar de manterem uma superioridade na construção de jogo.
Inglesas entraram com o pé esquerdo, mas suplentes de luxo são um trunfo
Ao contrário do que aconteceu em 2022, a seleção inglesa não foi dominante do principio ao fim e começou com o pé esquerdo nesta edição. O primeiro jogo da fase de grupos terminou com uma derrota por 2-1 diante de França, o que significava que os dois jogos seguintes seriam de vitória ‘obrigatória’ para as inglesas. E assim foi, seguiram-se os Países Baixos e as lionesses golearam por 4-0. A derradeira jornada foi ainda mais ‘fácil’ para Inglaterra, que venceu por 6-1 contra o País de Gales.
A passagem na fase de grupos estava assegurada, mas no segundo lugar do Grupo D. Nos quartos de final, a Suécia foi a adversária e o encontro não correu de feição, depois de as suecas terem conseguido uma vantagem de dois golos até aos 79 minutos. Contudo, a estrelinha de campeã apareceu para as inglesas com um golo de Lucy Bronze e o empate garantido por Michelle Agyemang aos 81 minutos. O banco de suplentes de luxo e a juventude da jogadora do Arsenal permitiram que o resultado fosse mais favorável, apesar só ter sido decidido nos penáltis.
O susto tinha passado e seguiu-se Itália nas meias-finais. Barbara Bonansea marcou primeiro para as italianas e, quando a vitória parecia não escapar às ‘azzurri’, as suplentes de luxo voltaram a brilhar. Aos 90+6, Michelle Agyemang permitiu o empate com um belo golo e Chloe Kelly garantiu a vitória a um minuto do fim do prolongamento.
Espanholas começaram a todo o gás e abrandaram na fase a eliminar
No lado espanhol, a seleção liderada por Montsé Tomé não tem brilhado na fase a eliminar, ao contrário do que aconteceu na fase de grupos. O começo na competição foi fulgurante, de tal forma que chegaram aos 14 golos marcados em três jogos no Grupo B, onde se encontrava Portugal. As espanholas venceram as ‘Navegadoras’ por 5-0, seguindo-se mais uma goleada por 6-2 contra a Bélgica. O último duelo da 1.º fase terminou com uma vitória por 1-3 contra Itália.
Contudo, o resto da competição teve mais dificuldades para a Campeã do Mundo, começando com o jogo dos quartos de final contra a anfitriã Suíça. Apesar de terem ganho em 90 minutos por 2-0, a bola teimou em entrar, apesar da evidente superioridade e qualidade de jogo. Ainda assim, existiram dois penáltis falhados e várias oportunidades desperdiçadas. Porém, Athenea e Clàudia Pina mudaram isso aos 66′ e 71 minutos.
O duelo que se seguiu foi contra a Alemanha e Espanha só conseguiu vencer no prolongamento e graças a um golpe de génio de Aitana Bonmatí. A partida foi equilibrada e a ‘la roja’ apresentou-se com poucas ideias e soluções para conseguir materializar mais cedo. Ainda assim, a qualidade individual voltou a ser importante para as comandadas de Montsé Tomé, depois de Aitana ter assinalado um golaço no lado direito do corredor, num lance que mais tarde explicado pela Bola de Ouro.
Jogadoras a seguir nesta final
Alexia Putellas (Espanha) – A capitã do Barcelona fez a diferença na fase de grupos e a influência é inquestionável, de tal forma que se começou a sondar que seria a mais provável candidata a vencer a Bola de Ouro. Putellas abrandou o ritmo na fase a eliminar, mas poderá ser decisiva a qualquer momento.
Aitana Bonmatí (Espanha) – A atual melhor jogadora do mundo tem abrilhantado os jogos espanhóis, mesmo depois de ter estado internada com um meningite viral antes de rumar à Suíça. A genialidade que lhe é característica permitiu que a ‘La Roja’ seguisse em direção à final da prova.
Cata Coll (Espanha) – A guarda-redes foi decisiva na meia-final contra a Alemanha e fez Espanha sonhar com duas defesas extraordinárias num único lance. A evolução desta posição no Euro feminino é de assinalar e poderá voltar a decidir um encontro.
Chloe Kelly (Inglaterra) – É o tipo de jogadora que sabe quando aparecer e é o trunfo saído do banco que qualquer equipa gostaria de ter. Os seus penáltis são memoráveis e tem sido uma das peças mais temidas de Sarina Wiegman e, caso a final se mantenha indefinida até perto do fim, é muito provável que a avançada volte a querer marcar o seu nome na história da seleção.
Michelle Agyemang (Inglaterra) – A jovem jogadora de 19 anos é um evidente destaque deste Europeu feminino, sendo um talento a ter debaixo de olho na próxima época que se aproxima. O seu impacto tem sido de assinalar, tendo feito o golo do empate aos 81 minutos nos quartos de final contra a Suécia, bem como o empate aos 96′ no jogo diante de Itália que permitiu que Inglaterra sonhasse com a final.
Ella Toone (Inglaterra) – A número 10 das ‘lionesses’ conquistou um lugar no onze de Sarina Wiegman e é uma das peças chave do meio-campo inglês e já demonstrou que consegue aparecer nos momentos em que a sua criatividade é necessária, tal como aconteceu diante Espanha nos ‘quartos’ do Euro 2022.