A Taça COMEN de natação artística, uma competição que junta vários países da zona do mar Mediterrâneo, vai decorrer no Funchal em simultâneo com o Europeu absoluto, e apresenta oportunidades de medalhas para os 11 portugueses convocados.
Para a diretora técnica nacional, Susana Matoso, este evento deixa “boas perspetivas” a Portugal, com “esperança de um pódio no combinado”, de 10 nadadores.
“Espera-se que se consiga alcançar um pódio, seria excelente para Portugal, para a modalidade, para a motivação dos atletas no futuro. Nos duetos, teremos uma dupla feminina do Fluvial Portuense que treina junta já há alguns anos, embora jovens, e sei que estão a um bom nível”, analisa, em entrevista à Lusa.
Inédita é a junção do Europeu à Taça COMEN, dando às atletas a possibilidade de treinar e estar integradas num mesmo evento, sendo uma competição a que Portugal não ia há sete anos.
Com provas intercaladas de manhã e de tarde, entre escalões, os mais novos treinam com os mais experientes, em “aquecimentos conjuntos” entre seleções, o que lhes permite trabalhar “com os seus ídolos da modalidade”.
“Sempre os viram, e agora vão partilhar a mesma piscina, o mesmo espaço, durante estes dias. Vai ser muito bom”, nota a diretora técnica nacional.
As treinadoras responsáveis pela seleção na COMEN, Rita Varandas e Beatriz Gama, esperam uma participação que, acima de tudo, lance as bases para a evolução dos selecionados, de olho em objetivos futuros, como em alguns casos é o Europeu de juniores, já este ano.
“Conseguimos perceber que podemos ter muito bons resultados com a categoria juvenil. Independentemente dos resultados, é dar oportunidade a estes jovens. Temos uma categoria juvenil com atletas de primeiro ano. Vai ser muito bom para começarem com experiência internacional, a pensar no futuro”, diz à Lusa Beatriz Gama.
Para a treinadora, é preciso “que a modalidade cresça” e para isso não se pode esperar que o interesse surja mais tarde, sem esta experiência competitiva, e competir em casa traz “responsabilidade um bocadinho maior”.
Rita Varandas, por seu lado, vê esta aposta da federação como “muito boa”, para alargar o leque de participantes e de opções, dar-lhes “bons alicerces técnicos”, e com isso sonhar com “um projeto mais ambicioso”, nomeadamente colocar nadadores portugueses na artística de uns Jogos Olímpicos pela primeira vez.
Para as treinadoras da seleção, que elogiam o trabalho que é feito pelos clubes que apostam na modalidade, criar esta base permite a Portugal também ir minimizando diferenças em aposta e condições comparativamente a outras potências europeias da artística.
“É focar muito que esta participação significa, dar um objetivo a quem ainda está no escalão juvenil, para também manter os atletas na modalidade, e pensar que estamos a trabalhar na base para o futuro”, nota Rita Varandas.
Na COMEN, Portugal competirá com um lote de nadadores sobretudo do Fluvial Portuense, com Rodrigo Carvalho como único homem, e entrarão em ação quarta-feira e quinta-feira, em dueto, dueto misto e combinado.
O presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), Miguel Arrobas, não tem dúvidas de que este ‘onze’ convocado para a COMEN constitui “uma participação histórica” nesta competição para nadadores de 13 a 15 anos.
“Poder ter estes atletas a competir a um nível a que não estão habituados é um motivo de orgulho e regozijo para Portugal”, afirma.
Para Rita Varandas, “esta projeção ajuda mesmo muito a dar exemplos para os escalões mais novos, e é necessário trabalhar essa base”.
Patamar intermédio no desenvolvimento de nadadoras e nadadores na artística, antes do já mais exigente nível júnior a caminho dos seniores, esta competição, que terá cerca de uma centena de inscritos, tem lançado vários dos futuros campeões da Europa, funcionando, na Madeira de segunda-feira a quinta-feira, em formato ‘open’, permitindo a países como a Colômbia ingressar.