Gonçalo Pereira tem apenas 20 anos, mas na Nazaré o seu nome já ecoa com a naturalidade de quem pertence. Chamam-lhe “Gagau” — alcunha nascida entre amigos e hoje repetida no line-up das maiores ondas do planeta. Nascido em Lisboa e criado em Cascais, foi ali que começou a moldar a relação profunda que mantém com o mar, uma ligação que o levou, cedo, a procurar horizontes mais desafiantes.
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Discípulo de Eric Ribiere, referência mundial do surf de ondas gigantes, Gagau cresceu a observar os que arriscam tudo para deslizar sobre paredes de água que parecem engolir o céu. E agora é ele quem se junta a esse grupo restrito. No primeiro grande swell do ano, o mais jovem surfista português presente no mar assinou uma das ondas mais impressionantes do dia — um aviso claro de que o futuro já chegou.
A história começou aos 12 anos, entre a Praia da Poça e o Guincho, onde descobriu a paixão que viria a orientar a sua vida. “O interesse pelas ondas grandes começou mais tarde”, recorda. “Aos 16 anos tive as primeiras sessões com tamanho a sério e, aos 17, experimentei o tow-in na Nazaré pela primeira vez. Mudou totalmente a minha visão do que queria fazer.”
Desde então, o jovem não parou de crescer. O que sente quando se lança para dentro de mares que assustam até os mais experientes? “É pura alegria e respeito. E no final da sessão, um enorme sentimento de conquista”, descreve, com a serenidade de quem aprendeu a dialogar com a violência do oceano.
Essa coragem não vive sozinha. Por detrás dela há disciplina, método e preparação pensada ao detalhe. Gagau divide o treino em duas frentes: trabalho físico intenso — apneia, reforço muscular, cardio — e apoio psicológico especializado. “A psicologia desportiva ajuda-me muito a superar obstáculos numa modalidade tão exigente”, admite.
Fora de água, encontrou na Nazaré Water Fun uma família desportiva que o acolheu “com enorme carinho”. A estrutura, considerada a maior do mundo no apoio ao surf de ondas gigantes, deu-lhe algo essencial: a possibilidade de aprender lado a lado com heróis de infância e atletas de topo mundial.
Agora, às portas de mais um inverno — estação que dá à Nazaré a sua face mais feroz — Gagau não mostra qualquer sinal de abrandar. O objetivo mantém-se claro: desafiar o oceano, evoluir a cada sessão e quebrar limites.
E quando fala do futuro, os olhos brilham com a mesma força do mar que o inspira: “O meu maior sonho é viajar pelo mundo à procura de ondas e representar Portugal nesta modalidade ao mais alto nível.”
Pelos vistos, não será preciso esperar muito para isso acontecer.























