Vive-se um grande momento de convulsão no universo encarnado: a derrota frente ao Qarabag para a Liga dos Campeões (2-3) motivaram a mudança da equipa técnica por parte da direção liderada por Rui Costa, e isto a pouco mais de um mês das eleições no Benfica. Em declarações à Sportinforma, Gaspar Ramos, antigo dirigente do Benfica, considera que a substituição de Bruno Lage “era absolutamente necessária” e só pecou por tardia.
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“É uma situação que se agravou do meu ponto de vista, porque a equipa já a época passada tinha o melhor plantel e com este treinador perdeu o campeonato. Já esta época quando me perguntavam sobre estas aquisições, que foram todas enaltecidas, eu respondia se não viria a repetir-se a situação do ano passado, porque o treinador é o mesmo”, começou por dizer, dirigindo depois duras críticas a Rui Costa a quem aponta como o grande culpado por esta situação.
“Quem está lá dentro tem que se observar estas coisas, e do meu ponto de vista o presidente é o grande culpado de tudo isto, porque é um homem do futebol, mas dá-me a sensação que ele só soube jogar futebol, nem gerir futebol ele sabe. O próprio Luís Filipe Vieira disse que ‘ele não valia nada’. Marginalizou-o, só o utilizou pela sua imagem. Mas o Rui Costa continuou lá durante 13 anos e ele nem sequer teve coragem para bater com a porta.”
O ex-líder do departamento de futebol do Benfica considera que o Rui Costa “devia ter tirado ilações em relação à época passada” até porque deu luz ao treinador em relação às aquisições.
“Esta substituição era absolutamente necessária. O Lage já não tinha condições fora, devido aos adeptos, nem dentro porque os jogadores já não estavam com ele, mesmo que ele dissesse o contrário”, exprimiu, considerando este início de época está a ser o espelho da anterior.
“Deu-se total luz ao treinador e estranha-se que o presidente como homem do futebol nada tenha a dizer nas aquisições. Rui Costa devia ter tirado ilações, no passado não ganhamos o campeonato, ao nível de exibições íamos ganhando com dificuldade. É o culminar de uma situação que já é redundante. Veja-se o que aconteceu com o Alverca, com o Estrela da Amadora. Estava na cara de toda a gente, menos do presidente do Benfica.”
Sobre a iminente chegada de José Mourinho, Gaspar Ramos considera que “é uma tentativa de salvação” para o líder das águias antes das eleições 25 de outubro.
“O Benfica é uma grande empresa, o maior clube português e não pode ser dirigido por quem não sabe nada de gestão. O Mourinho tem um grande currículo, mas nos últimos clubes onde passou foi despedido. Ele foi o que foi, mas agora é o que é.”
“Poderá ser selecionador, a começar por Portugal, mas como treinador de clubes eu tenho as minhas dúvidas. Isto não é mais do que uma tábua de salvação de Rui Costa pretende arranjar. E vamos ver se não vai criar problemas a quem lhe vier a suceder no Benfica e espero que não seja ele. No mínimo neste contrato que vai fazer com o Mourinho, deveria haver uma cláusula que qualquer presidente que venha a ganhar as eleições possa tomar a atitude que entender”, terminou.