É cedo na manhã de domingo e já se ouvem passos ritmados na marginal da Foz. Uns correm em silêncio, de auscultadores nos ouvidos, outros juntam-se em pequenos grupos para alongar, rir e começar o dia em movimento. No Parque da Cidade, o cenário repete-se: bicicletas, aulas de yoga improvisadas e treinos de calistenia nas barras.
O Porto está a mudar. A cidade, tantas vezes associada ao trânsito e ao ritmo apressado, começa a ser vivida como um enorme ginásio a céu aberto. E a cada semana surgem mais pessoas a trocar a mensalidade do ginásio por um espaço verde, pelo ar fresco e pela liberdade de treinar quando e onde quiserem.
A Avenida da Boavista tornou-se ponto de encontro para treinos de grupo ao início da manhã. O Palácio de Cristal, com as suas escadarias e vistas sobre o Douro, desafia pernas e pulmões. E no Parque da Cidade é fácil cruzar-se com quem combina corrida, caminhada e até um piquenique depois do treino.
“Treinar aqui é diferente, sinto que recarrego baterias”, diz a Mariana, que começou a fazer yoga no relvado durante a pandemia e nunca mais voltou ao ginásio. Para o Miguel, correr junto ao mar é quase terapêutico: “É como se cada quilómetro fosse uma forma de desligar do trabalho.”
Mais do que moda, esta rotina tem benefícios reais. Exercício físico já é sinónimo de saúde, mas ao ar livre os efeitos multiplicam-se: menos stress, mais energia e até um sono mais reparador. E tudo isto sem pagar mensalidade — basta um par de sapatilhas e vontade de mexer o corpo.
O Porto descobriu que não precisa de paredes para treinar. Entre jardins, avenidas e a força do Atlântico, a cidade é hoje o maior e mais democrático dos ginásios: aberto, verde, gratuito e sempre pronto a receber quem queira cuidar de si.