A justiça da província de Buenos Aires afastou hoje, de forma definitiva, a juíza Julieta Makintach, responsável pelo processo que apurava eventuais negligências na morte de Diego Maradona.
A decisão, tomada por unanimidade por um painel composto por juízes, advogados e legisladores, inclui também a proibição de a magistrada, de 48 anos, voltar a ocupar qualquer cargo judicial. Makintach não marcou presença na curta sessão em que o veredicto foi lido.
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O caso ganhou contornos de escândalo em maio, quando veio a público que a juíza tinha participado na produção de uma minissérie documental sobre o próprio julgamento — chegando mesmo a atuar na recriação dos acontecimentos. A revelação levou ao seu afastamento imediato e precipitou o cancelamento do julgamento em curso em San Isidro, que decorreu durante dois meses e meio e já contava com mais de 40 testemunhas ouvidas.
Com o processo anulado a pedido das partes, um novo julgamento foi agora reagendado para 17 de março de 2026, com um colégio de juízes totalmente renovado. A interrupção abrupta dos trabalhos, que mantiveram a atenção da Argentina entre março e maio, gerou forte revolta, sobretudo entre familiares de Maradona.
Na sala, a ex-companheira do jogador, Verónica Ojeda, e o filho de ambos, Dieguito, não esconderam a emoção ao ouvirem o veredicto que sanciona a conduta da magistrada.
O júri especial de La Plata considerou Makintach culpada de múltiplas infrações, incluindo negligência, violação de deveres funcionais, divulgação de informações protegidas e abuso de poder. “Ela mentiu, manipulou, atuou de forma parcial e usou recursos do Estado para alimentar um projeto pessoal, em prejuízo da justiça”, acusou a promotora Analia Duarte.
O processo original tem como arguidos sete profissionais de saúde, acusados de homicídio simples com dolo pela morte de Maradona — uma imputação que pode resultar em penas de oito a 25 anos de prisão. O julgamento, iniciado a 11 de março, estava previsto prolongar-se até julho e incluía quase 120 testemunhas. Todos os réus rejeitam qualquer responsabilidade.
Diego Maradona, figura maior do futebol mundial, morreu aos 60 anos, em novembro de 2020, após uma crise cardiorrespiratória numa residência privada em Tigre, onde recuperava de uma cirurgia ao cérebro. Ídolo eterno de Boca Juniors, Barcelona e Nápoles, o campeão do mundo de 1986 continua a marcar profundamente a Argentina — e o processo sobre a sua morte volta agora à estaca zero.























