O Ministério Público está a investigar os negócios entre o Benfica e o Valência, mais precisamente as transferências de Rodrigo Moreno e André Gomes do clube encarnado para o emblema Che. Em causa estão os crimes de administração danosa, corrupção empresarial, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
Escreve o jornal valenciano ‘Levante – El Mercantil Valenciano’ que a investigação incide-se sobre Peter Lim, antigo presidente do Valência, e o empresário português Jorge Mendes, e tem por base negócios feitos quando Luís Filipe Vieira era presidente do Benfica.
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Miguel Zorío, ex-vice presidente do Valência, contou ao jornal ‘Levante – El Mercantil Valenciano’ que reuniu-se em Lisboa, em julho, com dois procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal de Lisboa e dois polícias especializados em delitos económicos a quem entregou documentos valiosos sobre o caso.
“Estão a investigar possíveis delitos de corrupção internacional cometido por Peter Lim [dono do Valência], Jorge Mendes, Layhoon [ex-presidente do Valência] e os executivos do clube valenciano, nas contratações dos jogadores do Benfica que chegaram ao Valência com um preço desorbitado e comissões absolutamente ilegais”, esclareceu Zorío ao jornal valenciano ‘Levante – El Mercantil Valenciano’.
Diz a mesma fonte que muitas das verbas não terá entrado nos cofres da Luz.
Miguel Zorío detalhou ainda o esquema montado por Peter Lim, que era dono do Valência através da Meriton Holdings, uma empresa de Singapura, envolvida no alegado esquema.
“A Meriton cobrou ao Benfica 5% ao ano do valor das contratações de Rodrigo Moreno e André Gomes, que no total custaram 45 milhões de euros mais 10 milhões em variáveis. O Valência pagou 85 milhões de euros pelos quatro jogadores [Cancelo, Rodrigo, André Gomes e Enzo Pérez], mais 10 milhões em variáveis por Rodrigo. O Benfica ficou com uma percentagem significativa da venda posterior dos mesmos e, desses 85 + 10 milhões de euros, apenas 52 milhões chegaram a Lisboa. Vemos que a operação serviu para injetar dinheiro nos delicados cofres do Benfica e nas importantes contas da Meriton, roubando o Valência. Todos esses detalhes foram o foco da reunião de quase duas horas na sede central do DCIAP da Procuradoria-Geral de Portugal. Peter Lim sempre teve uma posição de força: dominava o clube vendedor (SL Benfica), também o clube comprador (Valência CF) e, presumivelmente, cobrava dos dois. Pode constituir um presumível crime societário por falsificação contabilística, tanto no Benfica como no Valência, e um presumível crime de corrupção internacional entre particulares e crime contra as duas administrações fiscais”, detalhou o antigo vice-presidente do Valência.
Zorío frisa ainda que Peter Lim e Jorge Mendes ajudaram a salvar financeiramente o Benfica “às custas do Valência” através dos fundos Benfica Stars Fund e o Quality Sports Investments.
O jornal valenciano ‘Levante – El Mercantil Valenciano’ dá como exemplo as vendas de João Cancelo, André Gómez, Enzo Pérez e Rodrigo Moreno, que custaram 85+10 milhões de euros aos Valência CF, mas que quase metade foram parar às mãos dos agentes que participaram nos negócios (gastos com transferências), como explicou o Benfica em documentos enviados à Bolsa de Lisboa.
Na documentação apresentada ao Ministério Público, Zorío detalhou que Rodrigo e André Gomes foram comprados ao Benfica pela Meriton Capital Ltd, de Peter Lim, e posteriormente revendidos ao Valência.
Rodrigo custou ao Valência 30 milhões de euros, mais 10 milhões em variáveis, enquanto André Gomes custou 15 milhões de euros, ficando o Benfica com 25% de uma futura venda do jogador.
Dos 30 milhões (mais 10 em variáveis) pagos por Rodrigo Moreno, apenas 12,6 milhões chegaram ao Benfica. Dos 15 milhões pagos por André Gomes, 5,5 milhões perderam-se pelo caminho em despesas.
No caso de Enzo Pérez, o Valência pagou 25 milhões de euros ao Benfica, dos quais mais de 6 milhões foram absorvidos por custos associados à transferência.