O Benfica prepara-se para receber o Rio Ave, para a jornada em atraso da I Liga. A partida tem início agendado para as 20h15 desta terça-feira. José Mourinho esteve presente na conferência de imprensa de antevisão e revelou o que espera do adversário e da sua estreia no Estádio da Luz. O treinador revelou alguns detalhes sobre os contactos que recebeu por parte da direção encarnada, bem como o esforço financeiro para rumar ao Benfica.
Para além disso, falou sobre algumas mudanças táticas e a admiração pelos jovens da formação das águias.
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O que espera o Rio Ave: “Espero um adversário que é melhor do que os pontos que conquistou até agora. Observámos o Rio Ave nos jogos anteriores e especialmente nos 3 primeiros, vimos que são melhores do que os pontos traduzem. Têm treinador, organização, sabem o que querem, têm jogadores de boa qualidade… Vale o que vale mas têm 24 horas a mais do que nós para preparar o jogo. Espero um jogo difícil, precisamos do fator casa, é importante. A equipa está a crescer, do ponto de vista emocional uma conexão com os adeptos, em casa, pode ser uma empatia importante para defrontarmos um adversário difícil.”
Alguma surpresa nos quatro dias de treino: “Enquanto adversário fui honesto comigo próprio ao assumir que estava a jogar contra uma boa equipa. Se comparar os jogos do playoff com os últimos dois ou três jogos há uma contradiçãozinha, mas o Benfica tem coisas boas que vieram do passado. Não é minha intenção ir à procura de coisas negativas do passado. Está um bom trabalho feito por quem cá esteve antes. Mas nós treinadores somos diferentes, é importante que os jogadores abracem as novas ideias. Os jogadores que ficam e transitam também têm de se adaptar ao novo treinador, por isso sempre disse que íamos introduzir as coisas devagar. Tenho a sensação que estão a abraçar a minha maneira de trabalhar e de liderar. Não somos um grupo de melhores amigos, mas estamos a construir algo importante do ponto de vista humano. Do ponto de vista tático tem de ser pouco a pouco.”
Maior dificuldade: “O tempo que não existe. Hoje e ontem libertei-me um pouco mais, mas não é só o trabalho de campo com os jogadores, é as pessoas conhecerem-me, coisas para mudar. Não exagerar na informação é importante.
Mudança para o Benfica e contactos com direção: “Em relação à segunda pergunta, se quiserem acreditar em mim, ótimo, se não não posso fazer nada. Há a verdade de outras pessoas, mas vou repetir para que não fiquem dúvidas. No verão não tive contacto nenhum com o Benfica, com o presidente, ou agente mandantado. O diretor Mário Branco nem estava no Benfica. Eu tinha contrato com o Fenerbahçe e queria cumprir até ao final. Na minha cabeça estava longe pensar voltar a Portugal como treinador de clube. Mas não tinha contacto com a Federação. Tive zero contactos com o Benfica. Há uns anos tive contactos com o Benfica mas as coisas não proporcionaram nesse momento. Depois da entrada do diretor geral, esse tipo e conexão que tentam fazer… Para me tornar grande amigo de uma pessoa no futebol, é difícil. Se num ano nos tornámos amigos é porque do outro lado estava um profissional sério, que quando veio para o Benfica e houve 25 % de possibilidades de o Benfica jogar com o Fenerbahçe, o nosso contacto acabou. Houve zero contactos. Quando o Benfica perde com o Qarabag eu estava em Barcelona com a minha mulher e no dia seguinte o presidente ligou-me a perguntar ‘mister, vale a pena conversarmos, gostava que viesse treinar o Benfica. Podemos conversar?’ Eu disse que sim. E acabou a história. Se quiserem acreditar em mim agradeço. Se quiserem alimentar uma história que não tem história, não posso fazer nada.”
Ivanovic e Pavlidis: “Cada jogo tem uma estratégia. Se há 20 anos tínhamos uma estratégia para cada jogo, imagine-se agora… Não quis desvirtuar muito o que eles são como equipa, mas havia coisas… Gosto de coisas diferentes e, sem querer desvirtuar muito, foram introduzidas algumas coisas. Timings da pressão, movimentos ofensivos, transição após recuperação… São coisas normais, se o Bruno fosse para o Fenerbahçe também alteraria algumas coisas. Tentei dar uma dinâmica ofensiva diferente à equipa. Não os senti muito confortáveis a jogar um 4x4x2 ‘flat’. O Sudakov também se enquadrou bem naquela dinâmica.”
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Esforço financeiro para rumar ao Benfica: “Se ficasse em casa até ao final a época ganhava mais do que a trabalhar no Benfica. A visitar a família, a ir para o Algarve, a dar umas voltas por aí… Nem se pode dizer que estou cá grátis, estou cá negativo. Porquê? Porque gosto muito de trabalhar, tinha saudades de jogar para o título, para aquilo que o Benfica joga. Oportunidade ótima para mim enquanto treinador e enquanto pessoa. Quero por-me à prova, correr riscos, estar sujeito a ganhar, perder, são coisas que me alimentam, me tiram da zona de conforto. Se ficasse em casa até junho ganhava mais do que a trabalhar no Benfica.
Regresso à Luz: Sobre a receção, fui ao Estádio da Luz várias vezes, nos momentos bons, e estive numa boxe onde estavam o pai do António Silva, do João Neves, gente tranquila. Estou familiarizado com o estádio. Aprendes as músicas, bonitas, ritmadas, com significado. Esse tem de ser o ambiente. Se calhar sou purista, mas não acredito que não haja um benfiquista que não queira ganhar, tem de haver festa no princípio, apoio durante e no final, o Benfica ou ganha, porque se não ganhar sai morto. De cansaço e por tentar. Perder como perdemos com o Qarabag, as pessoas não se reveem nisso. No fim do jogo será festa ou respeito por quem deu tudo.”
Alguma surpresa no balneário: “Isto é uma equipa de miúdos com um homem que é campeão do Mundo, que é o capitão. Há clubes onde a braçadeira não está no braço certo, já me aconteceu, mas neste caso está no braço de alguém que é verdadeiramente capitão e se assume como tal. O que me surpreendeu favoravelmente é que quem vem da formação, sejam mais velhos ou mais jovens, esta gente vem com um vocabulário… Não são palavras soltas, são palavras sentidas, vêm com escola Benfica, com responsabilidade. São miúdos que se ama, cresceram juntos. São muito fortes no balneário. Mesmo os que não têm jogado. Mando recado para a formação, tenho de lhe agradecer, é de lá que vem.”
Aceitava convite de Villas-Boas ou Varandas: “Sobre a conversa com os presidentes Varandas e Villas-Boas, foi muito simples. Foi do tipo ‘muita sorte mas que acabes em segundo’. Se tivesse sido convidado, honestamente não sei se teria aceite, mas com a velocidade que disse sim ao Benfica, não.”
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Contactos com algum candidato do Benfica: “Não conversei nem, acho que o deva fazer. O treinador do Benfica tem o foco no Benfica, na minha nação. Os presidentes, as direções são os representantes dos milhões de adeptos dos clubes e é para esses milhões que um treinador deve trabalhar. Se me perguntar se fiquei agradado por candidatos terem proferido palavras de respeito para comigo, digo que sim. Mas estou isolado desse contexto. Quero dar o máximo cada dia, e é o presidente Rui Costa que cá está, foi ele que deu o grande passo de me convidar para trabalhar no Benfica. Eu não sou importante. Com o passar dos dias o foco é o Benfica, é o que interessa.”























