A defesa dos dois ‘Aleixo’, pai e filho, acusou hoje Henrique Ramos, assistente do processo, de ter ameaçado ambos à saída do Tribunal de São João Novo, no Porto, depois da última sessão de julgamento da Operação Pretoriano.
Nesse sentido, logo no arranque dos trabalhos de hoje, os arguidos requereram ao coletivo de juízes que este fosse impedido de comparecer na sala de audiências e em tribunal para “prevenir” futuras situações de conflito.
Ao longo da manhã foram ouvidos dois dos três elementos da família Sousa, que relataram as agressões sofridas às mãos dos dois ‘Aleixo’ na bancada norte do Pavilhão Dragão Arena, durante a Assembleia Geral (AG) do FC Porto, em novembro de 2023.
“O meu filho foi o primeiro a ser agredido. Afastei a minha família. Depois, atiraram-me pelas escadas abaixo e parti duas costelas. Quem deveria estar a proteger, a SPDE [empresa de segurança privada responsável], não estava, era o meu filho que me estava a defender. Até me custa ver vídeos, nunca pensei alguma vez passar por uma situação daquelas na minha vida”, começou por depor Carlos Sousa, que se fazia acompanhar na reunião magna pela mulher e filho.
Segundo o relato da testemunha, em concordância com a versão exposta pelo filho, João Pedro, o conflito terá começado quando o segundo alertava a segurança para o “clima tenso” na AG, com ações de coação a adeptos que não acompanhassem os cânticos de apoio ao então presidente portista, Jorge Nuno Pinto da Costa.
Na sequência do alerta, o jovem terá sido abordado por Vítor Manuel ‘Aleixo’, que atravessou o recinto e o atingiu com uma “chapada”, o que deu origem a um encadeamento de agressões, com o pai a agir em sua defesa.
“Quando a situação me começou a preocupar, com um clima tenso e garrafas a voar, fui falar com o segurança. Aí, ‘Aleixo’ [pai] abordou-me, a chamar-me de ingrato, os meus pais tentaram sempre apaziguar a situação. Outro indivíduo deu um soco ao meu pai e a minha mãe estava a ser agarrada. O meu pai tentou fugir subindo as escadas, mas ‘Aleixo’ filho agrediu-o e ele caiu desamparado pelas escadas”, explicou João Pedro.
Os dois arguidos reconheceram as acusações e apresentaram, em tribunal, os respetivos pedidos de desculpa.
De resto, também foi chamado à audiência um jornalista da CMTV, que reiterou as ameaças de Vítor ‘Catão’ dirigidas a um colega seu nas imediações do Estádio do Dragão, tendo este já testemunhado na última sessão.
“Vítor ‘Catão’ reconheceu o meu colega. Depois, começou a incitar adeptos para partirem o carro e agredirem-nos. Nessa altura, alguns elementos dos Super Dragões posicionaram-se entre nós e pediram-lhe para que parasse. Protegeram-me a mim e ao meu colega, aconselhando-nos depois a abandonar o local”, disse, enaltecendo o papel da claque afeta ao FC Porto.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.