A lenda inglesa Paul Gascoigne, conhecido como Gazza, concedeu uma das entrevistas mais sinceras da sua vida ao jornal britânico Mirror, publicada este sábado. Aos 58 anos, o antigo jogador de clubes como Newcastle, Tottenham, Everton, Lazio e Rangers falou sem filtros sobre a luta contra o alcoolismo e a relação com a fama que o transformou num ícone — e, ao mesmo tempo, num prisioneiro de si próprio.
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“Jimmy Greaves deixou de beber, mas isso foi Jimmy Greaves. Eu não fico bêbado por odiar alguém. Fico bêbado por ficar. Posso arrepender-me, mas não penso no ontem, só penso no amanhã. Vivo o dia de hoje”, confessou Gascoigne, que há muito reconhece os seus problemas com o álcool.
O antigo internacional inglês revelou ainda que a mãe, Carol, de 82 anos, é a única que o trata por Paul, e não por Gazza, uma alcunha que, segundo o próprio, criou uma personagem à parte. “Eu não mudei. Eu não saberia como mudar. Provavelmente vou morrer como Gazza, mas não tenho nada a esconder. Todo o país sabe o que fiz. Bebi porque quis beber e depois arrependi-me. Agora, se tenho uma recaída, dura menos. Antes, podia durar semanas.”
Gascoigne, que admite sentir-se muitas vezes perdido entre o homem e a figura pública, deixou um desabafo: “Por vezes, nem eu sei quem é Paul Gascoigne. Só quero ser eu mesmo, não quero fingir. O problema é que me aborreço facilmente.”
O ex-jogador contou ainda que tenta encontrar equilíbrio através de pequenos gestos de solidariedade: “Aprendi nos Alcoólicos Anónimos a fazer três boas ações por dia. Às vezes, em vez de ver televisão, vou ajudar os sem-abrigo — dou-lhes uma sandes, algum dinheiro, cigarros… Tenho pena deles. Talvez ajudá-los me faça sentir bem comigo mesmo.”
No final da entrevista, Gascoigne recordou o pai, John, falecido há alguns anos, que o internou contra a sua vontade nos tempos mais difíceis. “Mesmo agora, sinto falta do meu pai. Ele fez o que achava ser melhor para mim. Acabei com a cocaína depois disso. Talvez fosse o que eu precisava.”
A eterna promessa do futebol inglês deixou claro que continua em luta — não pela fama, mas pela paz interior.