Cinco meses depois de assumir a presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Pedro Proença concedeu uma entrevista à SIC onde abordou os principais temas que marcam o seu início de mandato. Da investigação judicial em curso à reestruturação da arbitragem, passando pela reforma da justiça desportiva e pela confiança total em Roberto Martínez, o líder federativo prometeu ação, transparência e mudança.
Logo após a sua eleição, a FPF foi alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária. Proença admitiu surpresa e revelou a resposta imediata: “Foi surpreendente. Naturalmente que tivemos de tomar medidas, incluindo uma auditoria rigorosa.” Recusou, no entanto, comentar em detalhe o processo por estar ainda em curso.
Entre os pontos centrais da entrevista esteve a justiça desportiva. Proença foi crítico do modelo atual, classificando-o como lento e ineficaz: “A arquitetura judicial que herdámos não satisfaz. Queremos um sistema mais célere, como acontece na FIFA e na UEFA.” Confirmou ainda mudanças já para esta época e considerou que o atual modelo do TAD “não serve os interesses do futebol”.
Quanto à centralização dos direitos televisivos, prevista por lei até 2028, o presidente rejeitou os números avançados publicamente. “Os 500 milhões nunca foram ditos por mim. Foram estimativas de uma consultora internacional”, afirmou, preferindo não entrar em confronto com o Benfica, que se tem mantido afastado do processo.
Na arbitragem, defendeu uma reestruturação profunda: “Não estamos conformados com aquilo que hoje acontece na arbitragem, na disciplina, na questão da integridade.”
A nomeação de Duarte Gomes como diretor técnico faz parte do novo modelo, que prevê maior formação, aumento do número de árbitros e especialização no vídeoárbitro.
Sobre a final da Taça de Portugal entre Benfica e Sporting, Proença garantiu não ter falado com nenhum elemento da equipa de arbitragem: “Não é esse o âmbito do presidente da Associação.”
A Seleção Nacional também esteve em foco. Proença reafirmou total confiança em Roberto Martínez, que continuará no cargo até ao final do Mundial 2026. “Martínez tem feito um trabalho de excelência. Foi sempre o meu treinador.” Questionado sobre nomes como José Mourinho, respondeu de forma clara: “Não é só José Mourinho. Jorge Jesus, Sérgio Conceição… temos uma geração de treinadores que dariam muitas alegrias.”
Sobre Cristiano Ronaldo, foi perentório: “É o selecionador que decide quando conta com o jogador A, B, C ou D.”
Por fim, deixou uma palavra sobre o seu antecessor, Fernando Gomes: “Nunca mais falei com ele, mas tenciono fazê-lo. A Federação não é de ninguém, é de todos. E as vitórias são fruto de um trabalho de décadas.”
Pedro Proença mostrou-se determinado a liderar com mudanças estruturais e vontade de modernizar o futebol português, garantindo: “Nós queremos ser campeões do mundo. O povo português quer ser campeão do mundo com esta geração de jogadores.”