O título da II Liga e regresso ao primeiro escalão do futebol português foram festejados por muitos adeptos do Tondela em pleno relvado do Estádio de Leiria na noite de setxa-feira.
Logo após João Pinheiro apitar para o final do encontro que terminou com a vitória do Tondela por 2-0 sobre a União de Leiria, uma mini-invasão pacífica do relvado antecipou o que aconteceu minutos mais tarde.
Os quase três mil adeptos que viajaram até Leiria juntaram-se à equipa para assistir à entrada do troféu da II Liga e celebrar em conjunto na relva o regresso à I Liga, três anos depois da descida.
Sentados na relva a contemplar a multidão efusiva, Lara Oliveira, 22 anos, e Rodrigo Fonseca, 28, contrastavam com os restantes adeptos vestidos de verde e amarelo.
“Foi demais. Graças a Deus o Tondela é um clube que nos habituou a festas. Foi sofrido, mas não foi só o jogo. Foi ontem, a viagem… O dia parecia infinito, parecia que não acabava…!”, exclamaram.
Tondela em peso apoiou a equipa no jogo decisivo, explicaram.
“Ouvi falar em 2.900 bilhetes emitidos, não sei se vieram todos, mas pareceu isso. Veio a cidade! Vieram 16 autocarros cheios, fora os carros”, contou Rodrigo, que há muito acompanha a equipa.
“Já cá ando desde miúdo. Era apanha-bolas na III divisão”, recordou, lembrando também o quanto vibrou com a anterior subida da equipa ao primeiro escalão.
“Tínhamos subido à I Liga com um golo aos 90+3 minutos. Já estamos habituados a sofrer. Nem nunca pensei que houvesse outro desfecho, porque não havia outro clube que merecesse isto mais do que nós”, disse, a propósito do primeiro golo tardio, que Miro marcou aos 83 minutos, e que abriu as portas do título e da promoção.
Já Lara assumiu ter “duvidado um bocadinho”.
“Estava sempre a ver os resultados do Alverca e Vizela, estava quase a perder a esperança, mas depois, aos 83 minutos, houve aquela explosão… Foi inexplicável!”, salientou.
Sozinho no relvado de Leiria, Márcio Pinto, 36 anos, recuperava da emoção.
“Foi uma noite deslumbrante. Nos minutos finais estava a ver que ia tudo por água abaixo, já me estavam a vir as lágrimas aos olhos… Mas o 1-0, aquele golo, foi uma alegria imensa”, contou.
Na comemoração do remate certeiro de Miro até se aleijou na cadeira. “Fiquei com um papo na perna, mas pelo Tondela tudo vale a pena”, sobretudo depois de “uma época memorável”.
“O coração sofreu muito, mas é um sonho tornado realidade. Agora é fazer uma boa equipa, reforçarmo-nos e lutar com os grandes para conseguirmos a manutenção”, concluiu.
A caminho da saída do estádio, Florbela Costa, 54 anos, também admitiu ter sido um jogo “muito emocionante, muito desgastante”.
“Sofri muito, mas foi muito bom no final”, admitiu, reconhecendo um extra de emoção por ser mãe de um dos intervenientes diretos: o médio Nuno Cunha.
“Vi as coisas malparadas, mas acreditei até ao fim. Eles são campeões merecidamente. Andaram a segunda volta toda em primeiro e perder em minutos era muito frustrante…”, disse Florbela, antes do regresso a Braga, de onde viajou.
Em passo rápido para apanhar um dos 16 autocarros que viajaram desde Tondela, António Cascais estava radiante.
“Foi uma categoria: a sofrer até ao fim, mas o coração dos tondelenses já está habituado a sofrer até à última jornada – a outra subida também foi na última jornada, no último minuto”, recordou.
Mas o adepto de 61 anos acreditou sempre, mesmo depois das derrotas com os competidores diretos, em jornadas anteriores.
“Tivemos um pouco de receio nestes dois jogos que perdemos com o Vizela e o Alverca, mas, no fundo, a esperança está lá. Há um lema em Tondela: ‘Tudo é impossível até acontecer!’”, referiu.
No fim da festa, a caminho dos balneários, Ceitil, outros dos médios do Tondela, resumia o sentimento do plantel.
“Esta cidade e estes adeptos merecem, porque são incríveis: apoiam-nos sempre em casa e fora. Pela forma como sentem o clube, merecem esta subida e voltar à I Liga. É fruto de um grande grupo de trabalho, muito unido, como se fosse uma família. Este ano tínhamos um grande grupo e foi por isso que tivemos este sucesso”, finalizou.