Rui Vitória, treinador português que se encontra ao serviço do Panathinaikos, concedeu uma grande entrevista ao jornal ‘Gazzeta’ da Grécia, onde abordou a passagem pelo Benfica e o momento da carreira.
O técnico reconhece que o primeiro ano do Benfica foi difícil, mas que com trabalho e aposta na formação a equipa conseguiu vencer o campeonato recuperando de uma desvantagem de sete pontos de desvantagem para o FC Porto.
“O primeiro ano no Benfica foi difícil. A equipa vinha de dois títulos seguidos. Não começámos bem. Estávamos a 7 pontos do topo. Travámos uma luta ponto a ponto. O mais importante foi controlar emoções, gerir a pressão interna e externa. Transmitir estabilidade à equipa. Fizemos alguns discursos, demos-lhes visão, união e fechámos o grupo”, começou por dizer, prosseguindo. “Estamos a falar do Benfica, uma equipa demasiado organizada. Depois de darmos motivação e confiança aos jogadores, demonstrámos a qualidade que tínhamos. Tínhamos uma boa relação com o presidente, que quando me contratou como treinador elaborou um plano não de compra de jogadores, mas sim de aposta em atletas da formação. Estava de acordo porque acreditava nisso. Vi que a equipa tinha muito potencial. Trouxemos seis jogadores para a equipa principal. Com trabalho e tempo ultrapassámos as dificuldades e trouxemos jogadores como Rúben Dias e Nélson Semedo. Eles amadureceram muito rapidamente e conseguimos ganhar o campeonato”, recordou
O técnico reconheceu ainda que “o futebol mudou” e que há agora diferentes estratégias para lidar com os jogadores desta nova geração. “O mundo do futebol mudou. A pressão das redes sociais, que antes não existia, os jogadores e também eles têm outras dificuldades de gestão. Não são os mesmos de há vinte anos. Há treinadores que querem o seu tempo após períodos significativos de pressão. Damos um passo atrás quando nos sentimos vazios, recarregamos as baterias e voltamos”, analisou.
Sobre a chegada à Grécia para dirigir o Panathinaikos, Rui Vitória reconheceu as dificuldades e após uma primeira temporada de aprendizagem mostrou-se ambicioso para a época que se avizinha.
“Foi um projeto muito difícil a minha chegada ao Panathinaikos. Muitos diriam que não valia a pena correr esse risco a meio da época. Sou uma pessoa que trabalha com as emoções, disse que era uma batalha que tinha de travar. Não me arrependo. Foi muito, muito difícil, porque estamos a falar de uma equipa que estava há muitos anos afastada da luta pelo campeonato, que no início da época não era a favorita e que naquele momento estava numa má situação em termos de pontos e psicológicos”, recordou. “Sei muito bem o que o Panathinaikos precisa para ser campeão.”
Após uma época em que entrou num comboio em andamento, Rui Vitória mostra-se agora mais preparado para desenvolver um trabalho de qualidade no ‘Pana’.
“[Agora] Conheço melhor a equipa, a organização, as estruturas, tudo. Por outro lado, também conheço melhor o campeonato grego. Ganhei 11 títulos na minha carreira, sei muito bem o que a equipa precisa para ganhar o campeonato e para gerir as situações difíceis que vão surgir durante a época”, afirmou antes de elencar o que pode ser a chave do sucesso na próxima temporada.
“Tem de haver coesão, solidariedade e união. Nunca ganhei nada em nenhuma equipa sem união. Todos temos de caminhar na mesma direção. Nós, que estamos dentro, temos de levar essa mensagem para o exterior e as pessoas têm de seguir esse caminho. Quero ganhar títulos no Panathinaikos e fazer história”, destacou.
Sobre a experiência no país, o técnico elogia as pessoas e a comida. “É tudo muito bonito, positivo, um ambiente parecido com Portugal.”
Recorde-se que em 24/25 o Panathinaikos terminou em terceiro na Liga Grega a 10 pontos do campeão Olympiacos.