Minuto 90 no estádio da Luz. Benfica vence por 2-1, está intranquilo. O Casa Pia, a agonizar na parte de baixo da tabela, sente-o como tubarão sente sangue na água. Pressiona, leva Richardo Rios a cometer um erro e a dar origem a um contra-ataque com superioridade numérica. A decisão do cruzamento nem é a melhor, mas Trubin, atrapalhado por Tomás Araújo (noite para esquecer do jovem central), dá uma sapatada na bola e deixa-a a mercê de Nhaga que só teve de atirar para a baliza. 2-2, aos 90+2 minutos.
Pouco menos de 24 horas em que mais de um terço dos 93.891 associados que votaram disseram ‘não’ à gestão de Rui Costa e outros dois terços apostaram na continuidade, chegou um resultado que poucos esperariam e que servirá de combustível para aqueles que escolheram João Noronha Lopes, o candidato derrotado na segunda volta das eleições.
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O 2-2 final significaria o terceiro empate em seis jogos em casa para a I Liga, e todos contra equipas da metade e parte de baixo da tabela. E todos com um denominador comum: arrancaram empates nos descontos.
O primeiro balde de água fria chegou quando ainda as temperaturas eram de verão. A 12 de setembro de 2025, o Benfica dominou o Santa Clara, teve 78 por cento de posse de bola, desperdiçou oportunidades e, nos descontos (90+2), sofreu o empate, num dos poucos ataques do Santa Clara. Otamendi quis atrasar a bola, escorregou, o esférico foi ter com Vinícius Lopes que atirou a conotar. De referir que o Benfica jogou com mais um jogador desde os 37 minutos, após expulsão de Paulo Vitor.
Podia-se pensar que o clube da Luz tinha aprendido com os seus erros. Mas, no jogo seguinte na Luz para a Primeira Liga, nova escorregadela. O jogo em atraso da 1.ª jornada contra o Rio Ave marcava a estreia de José Mourinho.
Mas a equipa, ainda em choque após a derrota caseira contra o Qarabag para a Liga dos Campeões, que levou a demissão de Bruno Lage, teve uma reação pálida. A vitória até podia ter chegado quando Sudakov fez o 1-0, aos 86 minutos. Mas, estranhamente, os Encarnados voltaram a ver o triunfo fugir nos descontos. Lançado no segundo tempo, André Luiz desceu pela esquerda, sem pressão, deixou dois adversários para trás, fletiu para o meio e atirou em arco, para um golaço. Os mais de 57 mil adeptos nas bancadas da Luz nem queriam acreditar.
Os triunfos caseiros com Gil Vicente, muito sofrido, e Arouca, bem folgada, pareciam ter curado esse mal de levar com baldes de água fria no final. Mas não era isso que a equipa tinha reservado aos adeptos na noite de domingo.
Já com os triunfos dos rivais Sporting e FC Porto, o Benfica não podia dar-se ao luxo de perder pontos, antes da paragem para jogos das seleções e depois 4.ª ronda da Taça de Portugal. Mas a história haveria de repetir.
De acordo com o Playmakerstats do Zerozero, foi a primeira vez em 90 anos de futebol, que o Benfica desperdiçou duas vantagens de dois golos, em casa, na mesma época (tinha perdido com o Qarabag por 3-2, num jogo que esteve a ganhar por 2-0).
O Benfica mantém a invencibilidade no campeonato, mas perder seis pontos na Luz nas primeiras seis rondas, é muito para quem luta pelo título. Ainda por cima contra equipas que nem lutam pela Europa.
Em 11 rondas, já perdeu oito pontos (empatou 0-0 com o FC Porto).























