Terminou empatado um dos mais aguardados dérbis dos últimos anos. Benfica e Sporting não foram além de um empate a uma bola na Luz, este sábado, na 33.ª e penúltima jornada da I Liga. Os Leões ficam a um triunfo do título, bastando vencer em casa na última ronda o Vitória de Guimarães. O Benfica precisa de vencer o Braga na Pedreira e esperar por uma escorregadela dos Leões para ser campeão.
Os dois conjuntos estão empatados na liderança da prova, ambos com 79 pontos.
FOTOS: O Benfica-Sporting em imagens
Trincão com fome de Leão
Este é daqueles jogos que, dizem os ditados, os primeiros 15 minutos podem ser importantes. Como se outros minutos fossem menos minutos que os primeiros 15. No entanto, o Sporting ‘cavalgou’ a máxima futebolística e silenciou a Luz, aos quatro minutos. Recuperação alta de Hjulmand para Pedro Gonçalves, bola no espaço para Gyokeres na direita. Três Encarnados foram atrás do panzer sueco, que levantou a cabeça na hora certa para servir Trincão para um remate de primeira, para o 1-0.
E, de repente, um silêncio ensurdecedor, abafado pela festa dos pouco mais de dois adeptos leoninos. Mas assim que passou a dor do golo, a Luz acordou. Os adeptos começaram a puxar pelo Benfica, que assim passava a precisar de marcar três e não sofrer mais nenhum. O Sporting, este, tinha o título na mão e a festa pronta, na casa do rival.
Di Maria tentou puxar a equipa, num tiro de pé esquerdo, aos seis minutos, que arrancou um ‘bruah’ no estádio. Mas era difícil penetrar naquele 5-4-1. Di Maria tentava criar superioridade no meio, mas Pedro Gonçalves ia com ele. Ao Benfica faltava criatividade nas alas, até porque Akturkoglu também derivava muito para o meio, perto de Pavlidis.
Crescia o nervosismo nas bancadas, assim como também no relvado. A cada queda na área leonina, pedido de penálti. Otamendi, aos 25, pediu falta de Debast, João Pinheiro mandou seguir, tal como tinha feito aos 17, em lance entre o argentino e Pedro Gonçalves na área Encarnada.
O melhor momento do Benfica surgiu aos 28 minutos. Bela combinação da formação Encarnada pela zona central, bola de Pavlidis metida para Aktürkoglu, mas o guardião leonino saiu para dar uma palmada na bola quando o turco se preparava para passar por ele. Na sequência jogada, Kokçu meteu na área, a defensiva leonina afastou para zona onde estava Di Maria que rematou de pronto, por cima. O argentino queria canto, o árbitro assim não entendeu.
A pressão aumentava para o lado dos da casa e isso era visível nalgumas perdas de bola e passes falhados. O Sporting, mais tranquilo, continuava a carregar na esquerda, com Pedro Gonçalves e Maxi Araújo, e ainda Gyokeres, sempre descaído nesse flanco. Aursnes ajudava, mas Tomás Araújo e António Silva estavam a ter dificuldades.
Aos 38, em mais uma investida pelo corredor esquerdo, os Leões meteram a bola no fundo das redes de Trubin, golo prontamente anulado por João Pinheiro. O ucraniano defendeu o primeiro tiro de Gyokeres, a bola sobrou para Pedro Gonçalves que a colocou no fundo da baliza. O árbitro entendeu que o sueco fez falta sobre Tomás Araújo a seguir ao remate e anulou o golo.
Andreas Schjelderup por Di Maria ao intervalo para virar o jogo
Bruno Lage identificou um dos problemas do Benfica no primeiro tempo – a falta de criatividade nas alas – e trocou Di Maria por Andreas Schjelderup ao intervalo. Os da casa ganhavam verticalidade através de um jogador desconcertante no drible.
Já com Morita no lugar de Debast no Sporting, o Benfica vai chegar ao empate, aos 63 minutos. Pavlidis teve uma jogada maradoniana, ao passar por quatro jogadores do Sporting (Diomande e Eduardo Quaresma escorregaram) e servir Akturkoglu na área. O desvio do turco ainda bateu em Maxi Araújo mas terminou no fundo das redes, para loucura dos mais de 60 mil adeptos benfiquistas nas bancadas que começaram a gritar, ‘Benfica, dá-me o 39’.
Voltava tudo a estaca zero.
A dança dos bancos podia ser crucial para o que restava do jogo. Rui Borges trocou Pedro Gonçalves por Geovany Quenda e depois Matheus Reis, St. Juste e Harder, nos postos de Eduardo Quaresma, Maxi Araújo e Trincão.
Já Bruno Lage apostou ainda mais no ataque, retirando o lesionado Tomás Araújo para lançar Belotti, ficando o Benfica com dois avançados e dois extremos. Aursnes recuou para lateral direito. Foi desse lado que o avançado italiano desceu em velocidade após perda de bola do Sporting na frente. Um buraco enorme aproveitado pelo possante avançado para servir Pavlidis na área para um remate ao poste, aos 76 minutos.
Dahl, Bruma e Arthur Cabral (saíram Akturkoglu, Alvaro Carreras e Pavlidis) foram as últimas apostas de Bruno Lage para tentar chegar ao triunfo. Mas faltava discernimento de parte a parte. Os nervos e a pressão eram notórios, nas decisões, nem sempre as melhores e nos passes falhados.
O jogo terminou com confusão no relvado, após o apito final de João Pinheiro, e com os dois mil adeptos leoninos a fazerem a festa.
O Sporting precisa de ganhar em casa o Vitória de Guimarães na última jornada para ser campeão (não terá Hjulmand, que hoje viu amarelo e terá de cumprir um jogo de castigo). O Benfica precisa de fazer o mesmo na Pedreira diante do SC Braga e esperar que os Leões percam pontos com o Conquistadores.
Tudo adiado para a última jornada.