E de repente, tudo muda. Depois do ano de estreia no Challenger Series, em 2024, um pouco aquém das expectativas, seguido de duas eliminações na ronda 64 das duas primeiras etapas (em ambas terminou em 33.º lugar) da atual temporada do Qualifying Series (QS), circuito de qualificação europeu 2025/26, a vida de Guilherme Ribeiro parece ter dado, num ápice, uma volta.
“Gui” Ribeiro venceu o QS4000 de Pantín, na Galiza, terceiro evento do circuito regional europeu. O triunfo permitiu-lhe saltar 40 posições na tabela e atingir a liderança do ranking europeu.
“É estranho, tudo mudou, mas o que tenho feito no dia-a-dia nada mudou, não mudei nada no meu acreditar, mantive tudo e estive só à espera do meu momento, sabia que estava a fazer as coisas certas”, antecipou.
“Por isso, é uma vitória que é marcada pela resiliência e trabalho que tenho feito”, sublinhou o surfista da Costa da Caparica, 23 anos.
“Um dos piores heats da minha vida”
Recua à prestação em Bordmasters, Inglaterra e Lacanau Pro, França. “As duas primeiras QS correram muito mal, mas em Pantin, desde o primeiro heat, senti que era o meu momento”, recordou ao SAPO DESPORTO.
Curiosamente, a primeira entrada na água de Guilherme Ribeiro, ronda 64, quase provou o sabor da eliminação.
“Acho que foi um dos piores heats da minha vida, passei à rasca na última onda, a precisar de dois pontos”, recuou. “Depois desse heat senti que algo tinha mudado e que tinha que agarrar com unhas e dentes aquela oportunidade”, disse.
A verdadeira perceção de mudança surgiu no heat seguinte. “Fiz logo oito pontos e senti mesmo que algo tinha mudado, tinha de aproveitar este momento porque era uma oportunidade que não podia deixar de escapar”, recordou.
Depois da vitória no QS1000 de Lacanau, em França, em 2022, o Abanca Patin Classic foi a segunda vitória internacional, e mais importante, conquistada pelo surfista treinado por Manuel Gameiro, treinador português que conquistou na Galiza uma dobradinha depois da sua pupila, a israelita, Anat Lelior, vencer a competição feminina e a subir ao topo do ranking feminino.
“Tenho objetivos maiores. E passa por ser campeão da Europa”
O empurrão meteorológico de contornos cósmicos proporcionado pelos resquícios da tempestade “Erin” e as fortes ondulações que assolaram a costa atlântica de Espanha na véspera da etapa galega do QS, coloca novas metas na boca de Guilherme Ribeiro.
“Claramente é o regresso ao Challenger (circuito de acesso ao Championship Tour)”, começou por trilhar o objetivo máximo. No entanto, Guilherme Ribeiro, campeão nacional ainda em título da Liga Meo, esboçou ainda nova ambição.
“Se há uma semana o objetivo era qualificar-me para o Challenger, embora continue a ser o principal, ao estar em primeiro do ranking, claramente que também tenho objetivos maiores, e passa por ser campeão da Europa”, confessou o surfista a Associação de Surf da Costa da Caparica – https://ascc.pt.
“Estou em primeiro do ranking, tenho de aproveitar esta oportunidade, mas o objetivo mais importante é requalificar para o Challenger. Uma coisa leva a outra, por isso tenho de apontar para o objetivo”, sublinhou.
O circuito europeu de qualificação 2025-2026 da World Surf League, entra em pausa e regressa somente em 2026 para a reta final da luta pelas vagas ao Challenger Series, circuito secundário da Liga Mundial de Surf.